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João Pedro, mais uma vítima do genocídio do povo pobre e negro

Na tarde desta segunda feira (18), mais um caso chocante envolvendo ações do braço armado do Estado tomou as manchetes dos jornais. João Pedro Mattos, de 14 anos, brincava com os primos na casa de um tio quando policiais invadiram a residência disparando tiros. Um deles atingiu o jovem na barriga. O fato ocorreu em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, durante uma operação da Polícia Federal, com apoio das polícias Civil e Militar fluminenses.

O corpo do jovem foi levado de helicóptero para um suposto “socorro” que não pode ser acompanhado por nenhum familiar, por imposição dos policiais. Durante toda a madrugada familiares buscaram pelo jovem, que só foi encontrado na manhã do dia seguinte, no Instituto Médico Legal (IML) Tribobó, em São Gonçalo. Segundo os policiais, bandidos efetuaram disparos e arremessaram granadas na direção dos agentes, que responderam. No local foram apreendidas granadas e uma pistola. A família nega essa versão e afirma que a arma e as granadas foram plantadas pela própria Polícia como forma de justificar a ação.

Um dos adolescentes fez o seguinte relato à imprensa: “A gente foi, deitou no chão, levantou a mão. Matheus começou a gritar que só tinha criança... Aí, eles tacaram duas granadas assim na porta da sala, que quem tava mais perto da porta era eu e João. Aí, eles deram muitos tiros nas janelas."

Mais uma vez, o plano genocida do Governador Witzel (PSC) mostra seu propósito: matar negros, pobres, periféricos. Sob o pretexto do combate ao crime e ao tráfico, ceifa a vida de crianças e jovens e justifica esses assassinatos como “dano colateral” das incursões da polícia nos morros cariocas.

Três dias antes, outra ação da polícia do Rio de Janeiro deixou 13 mortos no Complexo do Alemão. Em setembro de 2019, Ágatha Vitória Sales Félix, de oito anos, foi assassinada com um tiro nas costas disparado por policiais quando voltava de um passeio com a mãe. A força policial, em nome do “combate ao crime organizado”, tem destruído vidas e acabado com os sonhos de jovens periféricos, que além de conviver com o descaso do Estado que não fornece os recursos básicos para sobrevivência (saneamento básico, educação de qualidade, moradia digna, etc.), convivem com o medo de serem mortos pelo aparato repressor desse Estado.

Ao invés de se preocupar em combater a pandemia do coronavírus e desprender recursos para o sustento e proteção sanitária das comunidades, os governantes usam as verbas públicas para matar, reprimir e, assim, controlar a população através do medo. O elo mais fraco na corrente de opressão capitalista ainda são os negros, que têm os piores postos de trabalho, recebem salários menores, e estão submetidos a piores condições de vida. 

O genocídio da população negra, pobre e periférica deve ser denunciado como uma política de Estado. Os governos assassinos do povo pobre das periferias devem ser combatidos pelas organizações de luta da classe trabalhadora. Em tempos de pandemia, além de ter negado o direito ao isolamento social, as comunidades periféricas seguem forçadas a conviver com massacres que encerram precocemente a vida e os sonhos de jovens negros pelo país.
 


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