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Covid-19 comprova a importância da educação escolar

Com o fechamento das escolas e confinamento de pais e filhos devido à pandemia da Covid-19, alguns meses foram suficientes para enfraquecer a tese de que pais podem educar seus filhos dentro de casa sem ajuda das escolas. Tornou-se explícita, também. a barreira imposta pela grande desigualdade social do país que impossibilita o acesso aos recursos e às plataformas digitais de ensino para muitos estudantes.

Inclusive nos setores médios da sociedade, entre famílias que pagam por ensino privado, a inesperada imposição da educação domiciliar causou transtornos que têm sido fartamente abordados pela imprensa burguesa. Em um debate feito pela UOL sobre as consequências da pandemia para a educação de crianças e jovens, Rossandro Klinjey psicólogo e consultor de educação alertou o fato de muitas famílias estarem assustadas por terem que lidar com o trabalho, a convivência familiar e a educação dos filhos durante o confinamento: "há problema nas relações sociais, casamentos em crise, pessoas com medo". Ainda acrescentou: "temos pais sendo convidados, nem digo convidados, mas convocados a educar os filhos sem essas habilidades. A ideia de que as crianças podem ser educadas pelos pais, como algumas pessoas imaginavam, claramente não é uma questão viável”.

Além disso, o convívio social durante a infância e adolescência é um dos processos mais importantes na aprendizagem, segundo o especialista, o que não é oferecido em casa durante o confinamento. Para as crianças de classe média, existe ainda o ''processo de desvirtuamento de atenção'', graças a opções como videogames e entretenimento por streaming, como a Netflix.

Porém, são nas redes públicas de educação que a imposição da educação à distância revela a grande desigualdade social, que discrimina e exclui parte considerável de crianças e jovens. Materiais didáticos online ou impressos não são suficientes para garantir aprendizagem, já que as condições sócio-econômicas de muitas famílias são entraves para o aproveitamento dos recursos disponíveis. A professora, pesquisadora e gestora Adriana de Melo Ramos, lembra que “as vezes essas crianças vão à escola para se alimentar, é na escola que vão conseguir estudar porque em casa não conseguem se concentrar”.

A pandemia só evidencia a realidade vivida na educação pública há muito tempo. A falta de condições materiais e humanas das famílias para educar crianças e jovens sem o suporte das escolas apenas amplificou a desigualdade existente. Enquanto as secretarias de educação de todo o país fingem existir uma normalidade do calendário escolar através das atividades remotas, as famílias de baixa renda, sem acesso à computadores e internet, obrigadas a lidar com o desemprego e o empobrecimento causado pela estagnação da economia, estão assistindo à exclusão de seus filhos com quase nenhuma possibilidade de reagir e defender seus direitos. 

Professores, que  já se viam diante de atrasos e cortes de salários, reduções de direitos e  falta de condições mínimas necessárias para o bom desenvolvimento do processo educativo,  agora estão submetidos à políticas para ensino a distância e para o uso de plataformas digitais, etc, sem que lhes tenha sido oferecido o devido preparo. Trata-se de mais uma demonstração do descaso dos governos burgueses para com os filhos dos trabalhadores que reflete o abismo imenso que existe,, em relação ao acesso à educação entre as classes sociais no Brasil.
 


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