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Democracia na mira dos generais

No último domingo, dia 7 de junho, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Augusto Heleno, participou do ato, que contou com pouquíssimos participantes, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. O general cumprimentou militares que acompanhavam a manifestação com apertos de mão, contrariando as recomendações de distanciamento social por conta do novo coronavírus e, ao final do dia, declarou em suas redes sociais que a Polícia Militar agiu corretamente ao impedir que os manifestantes da capital paulista prosseguissem em passeata até a Av. Paulista. Augusto Heleno negou que estivesse participando do ato de apoio ao presidente, argumentando que esteve ali apenas para “agradecer aos integrantes das forças de segurança pelo trabalho abnegado e competente que realizam em prol de manifestações pacíficas”.

Como vem fazendo há tempos, o general aproveitou a oportunidade para se voltar contra os jornalistas mais uma vez, acusando-os de defenderem “atos de vandalismo” e questionando quem essa parcela da imprensa queria enganar e/ou favorecer. Trata-se de mais um episódio de ataque contra a imprensa, muito aos moldes do que ocorria durante a Ditadura Militar, onde os jornais, revistas, televisão etc., só eram autorizadas a falar o que o governo permitisse, sendo impedidos de fazer críticas e/ou questionamentos.

 

Militares intensificam ameaças

 

No último dia 23 de maio, um grupo de generais da reserva divulgou uma nota pública de apoio ao ministro-chefe do GSI, que, em tom de ameaça, atacava o Supremo Tribunal Federal (STF) e a imprensa, falando, inclusive, em “guerra civil”. No dia anterior, 22 de maio, Heleno havia lançado uma nota em resposta à decisão do ministro do STF, Celso de Mello, de autorizar a exibição do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, além do despacho para que o Procurador-geral da República, Augusto Aras, respondesse aos pedidos de deputados da oposição de apreensão dos celulares do presidente Jair Bolsonaro e do seu filho, Carlos Bolsonaro. Na nota, o general fala em “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”, provocando fortes tensões entre setores democráticos que viram a atitude como uma ameaça de golpe.

No texto dos militares é possível notar o desdém em relação aos ministros do STF, citados nos seguintes termos: "bando de apadrinhados que foram alçados à condição de ministros do STF (sic), a maioria sem que tivesse sequer logrado aprovação em concurso de juiz de primeira instância". O documento ainda carregava o discurso bolsonarista contra a imprensa: "Temos acompanhado pelo noticiário das redes sociais (porque, com raríssimas exceções, o das redes de TV, jornais e rádios é tendencioso, desonesto, mentiroso e canalha, como bem assevera o Exmº. Sr. presidente da República), as sucessivas arbitrariedades, que beiram a ilegalidade e a desonestidade".

A nota exibe o caráter golpista do Exército brasileiro, por meio do claro descaso com as instituições democráticas do País. Com frases do tipo “Alto lá, STF”, em tom impositivo, exibe uma articulação das forças armadas, tanto dos militares que estão no poder, em cargos dentro dos ministérios, quanto dos militares da reserva, em defender o plano que deve ser levado à frente pelo governo entreguista de Jair Bolsonaro. 

Logo no início de seu mandato, o presidente, em um evento para militares, afirmou que “democracia e liberdade só existem quando a sua respectiva Força Armada assim o quer”. Aos poucos, essa afirmação agressiva, que fere os princípios constitucionais e que, talvez, não tenha sido proferida nem durante a Ditadura Militar, iniciada em 1964, vai ganhando o contorno de uma saída autoritária para a crise em que se encontra o governo.

#ForaBolsonaro e todo os seu governo! Por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo!
 


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