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Mortes por Covid-19 nas periferias do Rio de Janeiro se agravam

As favelas cariocas sofrem o efeito devastador da Covid-19 que, progressivamente, segue como grande ameaça à vida de muitas pessoas que moram nestas áreas. Números oficiais divulgados pela Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro no início do mês, dia 11 de junho, apresentavam mais de 250 mortes acometidas pela Covid-19 nas comunidades pobres da cidade. Apesar de assustador, os números são subnotificados e não condizem com a realidade, segundo o jornalista Silvio Barsetti. 

Apesar de os atrasos nas notificações serem um dos principais problemas que contribuem para os dados incorretos, há outra situação recorrente, que ajuda a mascarar as estatísticas. Nas fichas dos internados nos hospitais do Rio de Janeiro consta o endereço informado pelos próprios pacientes ou por parentes, e é com base nestas informações que a secretária faz a “triagem”. Ocorre que, geralmente, as pessoas não citam que moram em favela, mencionando apenas o nome de bairros próximos ao invés das comunidades às quais pertencem. A prática, tão comum, é sem dúvidas uma forma de buscar diminuir a discriminação sofrida, uma tentativa de evitar uma diferenciação no atendimento.

No entorno dos bairros do Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz existem dezenas de favelas germinadas, que registraram grande número de infectados e de mortes (782 até o último dia 11 de junho). Parte considerável dos óbitos nestas localidades, zona oeste do Rio, acaba sendo computada como de moradores de algum destes quatro bairros. Este fato serve para explicar o porquê Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz estão entre os dez bairros com mais vítimas de Covid-19 do Rio, quando, na verdade, muitas destas vítimas são moradores de grandes favelas da região, como Vila Aliança, Vila Vintém, Pantanal, Carobinha, Boqueirão, Batan e Barbante. 

A situação do Rio de Janeiro é extremamente grave. Nos dados do painel da Secretária de Saúde do Rio de Janeiro, divulgado no dia 25/06, o estado já havia registrado 9,4 mil mortos e se aproxima dos 106 mil casos confirmados de Covid-19. A taxa de letalidade é de 9,64%, a maior do País.

A situação dos moradores de morros e favelas, pessoas que se encontram em situação de maior vulnerabilidade social, é extremamente grave em função da política de descaso dos governos burgueses. Coisas elementares, como o simples direito à água, saneamento básico, materiais de limpeza e higiene pessoa etc., são negados por falta de políticas públicas. O isolamento social, única medida que mundialmente se mostrou eficaz para reduzir a propagação e mortes pela doença, inexiste para a classe trabalhadora, que é obrigada a continuar na labuta, enfrentando transportes lotados e todo o tipo de aglomeração para tentar os meios de sobrevivência. A pandemia do novo coronavírus serviu para desnudar toda a opressão e desumanidade do sistema capitalista, que, em última instância, escolhe que irá viver ou morrer, já que a posição social é determinante para saber se a pessoa terá ou não direito ao atendimento médico, testes, condições de cumprir o isolamento social e as medidas de segurança e higiene.  
 


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