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Pesquisadores da UFMG alertam sobre medidas de prevenção para conter avanço da Covid-19 nas periferias

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui mais de 11 milhões de pessoas morando em favelas, sendo que mais de um milhão de domicílios têm adensamento excessivo, quase quatro milhões sem abastecimento regular de água e cerca de sete milhões de casas não possuem coleta de esgoto. Medidas simples como lavar as mãos se torna um desafio para muitos brasileiros e os deixam mais vulneráveis à pandemia do novo coronavírus. 

Até o último dia 11 de junho, o Rio de Janeiro, por exemplo, registrou oficialmente mais de 1,2 mil casos e 250 mortes nas favelas por Covid-19. Em São Paulo, dados oficiais do início de junho revelam que o maior número de óbitos da cidade concentra-se nas periferias das zonas norte e Sul. 

As instituições públicas seguem mantendo o empenho social em defesa da população. No início da pandemia no Brasil, três pesquisadores da UFMG publicaram uma nota técnica com propostas para o enfrentamento da Covid-19 nas periferias urbanas, com ações focalizadas nos assentamentos informais. O documento continha sugestões de propostas para serem testadas e implementadas pelas autoridades, em articulação com as comunidades e a sociedade civil da qual elas fazem parte, com o intuito de colaborar com a redução dos impactos da explosão iminente. A nota foi assinada pelo economista e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, João Tonucci Filho; pelo mestrando em economia no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), Pedro Araújo; e por Camila Bastos, do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFMG.  Nela, os pesquisadores sugeriram que o poder público traçasse, urgentemente, estratégias que garantissem distribuição de água potável, kits de higienização e cestas básicas a longo prazo. Cerca de 2.150 casas, em Belo Horizonte, não têm sequer um banheiro e em muitas delas várias pessoas dividem um único cômodo. A aglomeração se torna um dos principais desafios para o controle da epidemia nas comunidades, sendo praticamente impossível não se aglomerar em situações tão precárias. 

Na nota, os pesquisadores ainda recomendaram que os governos garantissem fornecimento de energia elétrica, mesmo aos inadimplentes, fizesse a coleta de lixo e informasse a população, com precisão, sobre a Covid-19. Outra proposta era de se priorizar essas comunidades nas triagens para descobrir a entrada do vírus. ‘’Priorizar aplicação de testes para detecção de pessoas contaminadas e definição de estratégia de isolamento’’, diz a nota, propondo também que as autoridades escutassem as comunidades e entendendo as necessidades urgentes das periferias.  

Ao longo dos dois meses após a divulgação da nota, o que se viu foi o total desprezo dos poderes públicos em relação à proteção das populações mais vulneráveis. A falta de políticas públicas que garantam o isolamento social, bem como a ausência de campanhas informativas e a confusão causada pelas declarações criminosas do governo federal em relação à pandemia, levou a população se arriscar ao contágio.  Muitas comunidades tentam se prevenir por conta própria. Moradores do Morro do Papagaio, na capital mineira, relatam que  o desafio é fazer com que as pessoas sigam as medidas de segurança, como lavar as mãos, usar a  máscara e o álcool em gel. A juventude local chegou a produzir um Rap para tentar sensibilizar os moradores. Júlio Fessô, líder comunitário, afirma que a falta de testes prejudica avaliar a realidade da contaminação no bairro. 

Todas as investidas do atual governo contra as universidades públicas, como, por exemplo, o drásticos cortes de verbas, têm por objetivo a privatização do ensino superior e o abandono completo da pesquisa científica que possuem foco nos direitos sociais da população, sem discriminação de classes. 

A pandemia da Covid-19 tem comprovado a importância da Educação pública como direito da classe trabalhadora e como solução para a disseminação democrática do conhecimento científico, que garanta o desenvolvimento com justiça social.


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