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EAD na pandemia é privatização da Educação

Com o isolamento social e a pandemia do novo coronavírus, o sistema público de ensino foi forçado a interromper as aulas, como forma de evitar a disseminação do vírus. O Ensino à Distância (EAD) foi a solução encontrada pelo Ministério da Educação (MEC) para a implementação de políticas de emergência em educação, o que foi seguida pelos estados. Porém, em todo o País, medidas foram adotadas de forma descolada da realidade socioeconômica dos estudantes e suas famílias, colocando milhões de alunos em situação de exclusão escolar e trazendo desdobramentos que podem agravar ainda mais as desigualdades sociais. 

O resultado, após quase quatro meses da implementação desse sistema, foi um verdadeiro “apagão” no ensino. Um levantamento do portal de notícias G1 junto às secretarias de educação dos estados mostra que apenas 15 dos 25 estados brasileiros que implementaram as aulas virtuais monitoram a adesão dos estudantes ao sistema e ela é baixa. 

Os dados, baseados principalmente na Pesquisa por Amostra Domiciliar Contínua (PnadC) de 2017, mostram que a falta de acesso remoto às plataformas de ensino torna às desigualdades da educação ainda mais visíveis. Além das dificuldades do aceso à internet e aos recursos tecnológicos, crianças e jovens enfrentam a situação de vulnerabilidade socioeconômica, muitas vezes sem apoio familiar ou espaço organizado para a realização das tarefas escolares. Esta situação se agravou durante a pandemia, com o desemprego e o empobrecimento da população trabalhadora. Como as diferenças entre alunos e escolas são estruturais, quanto mais longa for a exposição ao ensino remoto, maior será a desigualdade já existente, seja entre as redes de ensino, ou mesmo dentro de uma mesma turma. Como fica evidente, a educação proposta durante a pandemia vai ampliar a desigualdade educacional no País.

As alternativas de recorrer às atividades impressas disponíveis nas escolas, ou a transmissão por outras mídias como rádio e TV aberta, não colaboram com a mensuração do número de alunos que aderiram ao EAD, além de, também, nem sempre estarem disponíveis. O grande laboratório de EAD que se tornou o Brasil durante a pandemia apenas exibe o caráter segregacionista da Educação na sociedade burguesa, acelerando, ainda, o processo de privatização do ensino público ao colocar as verbas da Educação à disposição das grandes corporações que fornecem plataformas digitais, sem controle, inclusive, do uso dos dados pessoais de professores e alunos.

O objetivo da urgência em, supostamente, favorecer a possibilidade de estudos aos alunos no período da pandemia é aproveitar a crise para acelerar a planejada precarização e prejudicar ainda mais o ensino público brasileiro, dando aval para a sua privatização. A política privatista, capitaneada pelo ministro da economia, Paulo Guedes, é uma das várias formas de ataque que a educação pública vem sofrendo. A falta de infraestrutura (computadores, celulares, tablets, acesso à internet etc.) é não só excludente para os filhos da classe trabalhadora, como também parte da política nefasta de privatização. 

Garantir a universalidade de um ensino público de qualidade é um dever do Estado e a classe trabalhadora, em especial a juventude, deve lutar para manter e ampliar este direito tão atacado pelos interesses privatistas burgueses. A pandemia não pode ser o pretexto para a imposição de um novo modelo de educação que, na forma como está sendo aplicado, causará exclusão dos mais pobres, redução da qualidade do ensino presencial e precarização das condições de trabalho docente. Acima dos interesses das grandes corporações, que lucram com o ensino digital, estão os interesses da maior parte da classe trabalhadora que deve exigir que a escola pública cumpra a função social de acolher, proteger e educar todas as crianças e jovens para a vida em sociedade.
 


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