• Entrar
logo

Falta de informação sobre impactos da Covid-19 deixa favelas de Belo Horizonte vulneráveis

A aglomeração de pessoas e a falta de informação sobre o real impacto da pandemia nas favelas de Belo Horizonte dificultam o combate à Covid-19. A prefeitura não divulga, em seu boletim epidemiológico, os números de casos de coronavírus dentro dos aglomerados e favelas. Esta divulgação é feita por bairros, contudo, um aglomerado pode passar por vários bairros, como é o caso do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. 

Mesmo com a falta de informações precisas sobre o avanço da epidemia, os dados mostram que o aglomerado Alto Vera Cruz, na Região Leste da capital mineira, é o segundo em número de mortes por Covid-19. Segundo o presidente da Central Única das Favelas (CUFA), Francis Santos, “onde tem o maior número de pessoas infectadas é onde tem o maior número de pessoas circulando. E dentro dessas comunidades, pega o Alto Vera Cruz, por exemplo, que é a maior favela de Belo Horizonte, são mais de 50 mil pessoas”.

Minas Gerais tem o menor índice de pacientes testados do País, levando a um número alarmante de casos subnotificados ou não notificados, dando um panorama para a doença muito abaixo da realidade. O colapso da saúde em Belo Horizonte se coloca cada vez mais real devido ao estado crítico em que se encontram os hospitais da rede pública da cidade e do estado, com 91% dos leitos de UTI ocupados. Em todo o estado, a ocupação também já atinge de 90%.

No último dia 17, o Ministério da Saúde divulgou que favelas e periferias de Belo Horizonte vão ganhar 23 Centros Comunitários de Referência para Enfrentamento à Covid-19. Desses, 18 serão para atender comunidades e favelas que tenham entre quatro e 20 mil habitantes, e cinco para populações acima de 20 mil habitantes. Porém, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que ainda está sendo feita a contratação de pessoal para que os centros comecem as atividades e que não há data para início, nem previsão dos serviços que serão oferecidos no combate e controle da Covid-19. Em ano de eleições municipais, é comum surgirem obras dessa natureza para angariar votos nas periferias, sem que os moradores tenham a garantia de que atenderão à urgência da pandemia, que atinge índices alarmantes em BH. 

O desprezo pela segurança sanitária das populações periféricas foi demonstrado no Brasil desde o início da pandemia, quando cientistas alertavam para o risco da proliferação do vírus em aglomerados urbanos e nenhuma medida de precaução foi adotada. Um estudo recente do Covid-19 Brasil, um grupo independente de cientistas, apontou que as zonas territoriais mais pobres concentram o maior número de óbitos pelo vírus. Isso se dá pela combinação entre impossibilidade de isolamento, grandes deslocamentos para trabalhar e precariedade ou inexistência de saneamento básico e assistência médica.

Mesmo sendo um serviço de excelência, referência mundial no acesso e promoção da saúde para a população, a pandemia exibe a precarização ao qual o Sistema Único de Saúde (SUS) vem passando ao longo dos anos. Os ataques aos profissionais que trabalham no SUS, a falta de condições de trabalho, medicamentos, leitos e equipamentos de proteção são provas cabais dessa precarização. A defesa do SUS é a defesa da vida da classe trabalhadora, é a garantia de que os moradores das periferias e toda a população tenham assistência médica e hospitalar, que promova saúde gratuitamente para todos, independentemente da condição financeira de cada um.
 


Topo