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MG: volta às aulas presencial pode colocar um milhão de pessoas em risco, diz Fiocruz

A volta às aulas de forma presencial, em Minas Gerais, pode colocar em risco a vida de um milhão de pessoas no estado, já que idosos e adultos com comorbidades, que são do grupo de risco da Covid-19 e moram com crianças e adolescentes em idade escolar, acabarão sendo mais expostos ao vírus. É o que mostram estudos feitos pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). 

Com cerca de 1,5 milhões de alunos em escolas estaduais, Minas ocupa o segundo lugar no ranking de risco da volta às aulas, conforme aponta o levantamento feito com base na Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  De forma imperceptível, os estudantes podem transmitir o vírus, já que um percentual relativamente grande de crianças, mesmo infectadas, são muito pouco sintomáticas e podem atuar como “vetores” do vírus aos familiares, explica o infectologista Dirceu Greco. O infectologista também afirma que “se 20% desse um milhão de pessoas do grupo de risco desenvolver infecção grave, o sistema de saúde ficará sobrecarregado. Vai sobrecarregar de maneira quase incontrolável o sistema de saúde não só lá na ponta, do CTI, mas até no atendimento". 

Uma série de pesquisas da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, divulgada no último dia 22 de julho, mostra que o Brasil possui cerca de 9,3 milhões de pessoas que pertencem ao grupo de risco. Os pesquisadores ressaltam que o número pode ser ainda maior, já que as pesquisas se baseiam nos dados da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2013. Neste sentido, um relatório da Fiocruz apontou uma série de critérios para que a volta às aulas se dê de forma segura. Segundo o texto, os alunos precisam estar higienizados e ficar a uma distância de dois metros entre si. O texto também recomenda que os municípios tenham no mínimo 30% dos leitos hospitalares disponíveis, além de uma diminuição constante no número de infecções, mortes e ocupação de leitos.

Por mais que o sistema remoto de aulas iniciado em maio não dê suporte e não seja acessível à todos, a volta presencial é ainda mais temida pelas crianças, adolescentes e seus familiares. Este retorno, em plena pandemia, sem vacinação e segurança sanitária, expõe os alunos, mas também muitos profissionais, como professores, cantineiros, faxineiros, e outros  que terão contato com os estudantes. 

No caso da prefeitura de Belo Horizonte, o discurso é que ainda não há previsão para a reabertura das escolas, embora o governador Romeu Zema (Novo) tenha prometido a volta às aulas ainda no segundo semestre deste ano, assim como muitos governadores têm anunciado. Desde o início de seu governo, Zema demonstra não se importar com alunos e professores. Com a mesma política genocida do presidente Jair Bolsonaro, o governador demonstra o descaso com que trata a vida da população ao defender a privatização de todos os setores públicos, afirmando serem “onerosos” ao Estado. O Estado, que deveria garantir a segurança da população em tempos de pandemia, é o mesmo que quer colocar em risco a vida dos cidadãos com o retorno de atividades que geram aglomerações, potencializando a disseminação da Covid-19. Neste ponto, não apenas a defesa dos alunos, seus familiares, professores e demais trabalhadores da educação é de extrema importância, como também a defesa dos médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde, que se encontram na linha de frente do combate à pandemia e ficarão ainda mais expostos pela irresponsabilidade dos governantes. A vida tem que está acima do lucro.
 


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