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Morre Dom Pedro Casaldáliga, o “bispo do povo”

Na manhã deste sábado, 8 de agosto, morreu Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT). Ele estava internado em um hospital de Batatais (SP) com insuficiência respiratória.

Foram a Prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso, Brasil), a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e a Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos) que comunicaram, oficialmente o falecimento de Dom Pedro, um missionário claretiano que nasceu na Catalunha, Espanha. Em 1968 mudou-se para o Brasil para fundar uma missão claretiana no Estado do Mato Grosso, onde dedicou a vida a enfrentar os abusos autoritários decorrentes da concentração fundiária na região. Em plena ditadura militar, tornou defensor dos direitos e da vida de camponeses, ribeirinhos, indígenas e quilombolas. Por essa atuação sofreu inúmeras ameaças de morte e  foi alvo de vários processos de expulsão do Brasil.

Dom Pedro era representante da teologia da libertação, uma corrente teológica cristã nascida na América Latina, que buscou fazer com que a Igreja transformasse sua própria natureza, tornando-se uma força para ajudar a concretizar a revolução social. Seus adeptos interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais.

Pedro ajudou a criar a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Para frei Xavier Plassat, da CPT, "ele conseguiu, pela denúncia intrépida e pelo testemunho arriscado, pela profecia inconveniente, pela poesia cortante, pela mística e pela espiritualidade que encarnava, contagiar a muitos e muitas. Contagiar a nós dos movimentos sociais, lutadores por um outro mundo justo, fraterno e possível”.

No dia em que o Brasil atinge a marca de 100 mil mortos em decorrência da negligência e do desprezo dos atuais governantes pela vida dos brasileiros, a morte de Pedro Casaldáliga, cuja vida foi dedicada a combater injustiças sociais, torna-se um símbolo da esperança na capacidade humana de lutar por um mundo melhor.
 


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