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Uma nova Gestapo nas ruas dos EUA

Hitler e os nazistas se inspiraram fortemente no segregacionismo e nos linchamentos estadunidenses para a criação do Estado genocida da Alemanha Nazista. Os horrores perpetrados aos negros no sul dos EUA serviram de modelo para os horrores nos guetos e campos de concentração nazistas, cujos arquitetos produziram uma das mais terríveis polícias secretas da história – a Gestapo – que expulsou, prendeu e executou uma quantidade incontável de judeus, oponentes políticos e todos os tipos de grupos sociais discriminados pelos nazistas. Não é de se espantar, portanto, que o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS, em inglês) agora esteja agindo como a Gestapo de outrora, repetindo o velho repertório dos nazistas.

Desde o fim de março de 2020, quando do assassinato a sangue frio de George Floyd pela polícia de Minneapolis, os EUA têm sido sacudidos por ondas de protestos gigantescos, maiores até mesmo do que as passeatas por direitos civis da década de 60, quando Martin Luther King Jr. e Malcolm X lideravam as lutas pelos direitos civis e pela emancipação do povo negro naquele país. A combinação da terrível crise do Covid-19, a pior epidemia em cem anos, que está devastando sobretudo as populações minoritárias (pretas, latinas, etc.) e trabalhadoras,  com uma crise de desemprego e uma freada radical dos processos de acumulação capitalistas, deixou a população pobre estadunidense em  desespero – o que, somado a mais uma execução a sangue frio, pelas forças de repressão estatal, de um trabalhador negro, filmada e mundialmente compartilhada, fez  explodir a indignação do proletariado americano.

Os dois meses da fúria de uma população cansada de ser subjugada deixaram a burguesia e a classe política estadunidense em pânico. Trump, exemplar por excelência das elites fascistóides dos EUA, diante de uma crise aguda em pleno ano eleitoral,  resolveu soltar sua polícia secreta nas ruas de Portland, no estado do Oregon. O DHS, criado após os ataques do 11 de setembro para servir de polícia secreta “antiterrorismo”, responde praticamente apenas ao presidente, e está disponível para aterrorizar a população extrajudicialmente. Para efeitos práticos é a sua massa de “camisas negras” – milícias que agiam em nome do nacionalismo, do anticomunismo, do antipacifismo e do antiliberalismo e atacavam os inimigos políticos do regime de Mussolini, na Itália. Os agentes do DHS têm pego ativistas nas ruas e os jogados em vans sem placa, sequestrando cidadãos americanos por horas, administrando violência e tortura, e os prendendo por crimes inexistentes. Se a polícia comum já agia de forma truculenta, os brutamontes fascistas de Trump agora revelaram os verdadeiros objetivos do grande capital em crise: oprimir as massas, para evitar seu levante

Liberais de toda espécie se veem assustados com a “nova” violência na pretensa “maior democracia do mundo”, com brigas de rua entre ativistas que buscam justiça social e agentes armados até os dentes e preparados para mutilar e matar. Essa é a real face do capital quando acuado: chama os seus cães de guarda fascistas para proteger o sagrado direito da propriedade privada. Diante de qualquer crise, os cofres dos banqueiros valem mais do que todo o sangue do proletariado, que se vê dispensável ao ponto de não ter acesso a hospitais e saúde pública durante uma pandemia.

O grande problema enfrentado por Trump e seus simpatizantes, que ameaça despejá-los do poder nas eleições deste ano, está nas contradições do sistema. O aumento da violência estatal contra os manifestantes reacendeu a fúria nos oprimidos. Muitos que antes rejeitavam os ideais socialistas devido a uma forte doutrinação ideológica, que só tinha êxito devido às concessões que o sistema podia fazer aos trabalhadores,  começam a perceber que o Estado e a sociedade tais como são jamais produzirão justiça, e que somente uma  revolução, que ponha fim à propriedade privada, poderá trazer verdadeira mudança em face da violência racista, das consequências desiguais das pandemias e do colapso ambiental. A dialética anda a passos largos, e a cada novo desenvolvimento mais a luta se acirrará.
 


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