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Fundos de pensão: os trabalhadores financiando seus algozes

Recentemente, em uma matéria publicada no The Wall Street Journal, jornal publicado nos Estados Unidos e de ampla influência nos debates econômicos mundiais, Alexandre Mathias, executivo responsável pelos investimentos da Petros, o fundo de pensões privado dos trabalhadores da Petrobras, comentou sobre a tendência desses fundos em investir nos “Private Equity”, mercado de balcão. O mercado de balcão é um ambiente de investimento cujas compra e venda de ações são realizadas fora da Bolsa de Valores, compreendendo muito mais riscos e propensão à fraudes.

Esse tipo de mercado  gerou empresas como a Sete Brasil, a maior empresa do mundo no mercado de sondas de águas ultraprofundas por número de sondas, formada por um grupo de investidores que reúne fundos de pensão, bancos, fundos e empresas de investimento nacionais e internacionais, e a Petrobras. Outra empresa de Fundos de Investimentos formada nesse tipo de mercado é a FIP Multiner, envolvida em fraudes contra entidades de previdência complementar como a Petros, Funcef, (dos trabalhadores da Caixa) e Postalis (dos Correios).

As formas como esses fundos de investimentos agem para especular e fraudar o sistema financeiro não são de fácil acesso aos trabalhadores, obviamente. Tratam-se de operações que envolvem negócios espúrios com o dinheiro público, ou seja, dos trabalhadores. Algumas informações extraídas de um documento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelam exemplos de como negócios, no mínimo suspeitos, podem ocorrer. O BTG Pactual, banco criado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem o mesmo mantém fortes laços, está presente na participação societária da Sete Brasil e na organização de vários fundos no “Private Equity”, mercado de balcão. Esses tipos de investimentos  não são interessantes aos fundos de estatais por conta dos riscos de fraude já que financiam empresas que irão concorrer deslealmente com as patrocinadoras de seus planos, as Estatais. 

Muitas das empresas que hoje contribuem com o esquartejamento da Petrobras, receberam investimento da Petros em Private Equity, como a Raízen, por exemplo, forte nos setores de produção de açúcar e etanol, distribuição de combustíveis e geração de energia. Muitos fundos de pensões contribuem para estes investimentos e, assim, sofrem rombos nos seus planos. Comumente, os governos neoliberais jogam os prejuízos desses rombos nas costas dos trabalhadores e os utilizam para comprovar a ineficiência econômica das estatais e justificar as privatizações. Foi o que aconteceu com o Brasil Energia. Um fundo que chegou a valer R$ 1 Bi no ano passado, 2019, e que hoje, por causa da queda do mercado na pandemia, previsível por conta das quedas internacionais de consumo, foi adquirido  pelo BTG-Pactual por um valor bem menor. Os trabalhadores, cotistas dos fundos de pensão, financiaram, sem serem consultados, um possível comprador do setor elétrico brasileiro, nesse momento em que o projeto do governo é privatizá-lo. 

Precisamos nos unir e dar um basta a esta festa que patrocinamos sem sermos convidados. É preciso intensificar o debate contra as privatizações e em favor da previdência pública e social, sob controle dos trabalhadores.
 


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