• Entrar
logo

Argentina, Brasil e México liderarão aumento regional da pobreza no pós-pandemia

As três principais economias da América Latina ficarão com a pior parte do desastre econômico causado pela pandemia de coronavírus, conforme alertaram as últimas previsões feitas pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (Cepal) em seu quinto relatório especial sobre a pandemia intitulado “Enfrentar os efeitos crescentes da covid-19 para uma reativação com igualdade”. O documento traz novas projeções que advertem sobre os efeitos devastadores para 2020.

A agência da ONU alertou o ano de 2020 será de terra arrasada para a América Latina: o PIB cairá 9,1%, haverá 45,4 milhões de novos pobres, 8,5 milhões de empregos serão perdidos nos próximos meses e 2,7 milhões de empresas fecharão as portas. O PIB per capita dos latino-americanos cairá para valores de 2010, que implica em retrocesso de 10 anos nas receitas. Como a região se encontra no centro da epidemia, essa situação pode piorar ainda mais.

O Brasil já ultrapassou a marca de mais da metade da população trabalhadora desempregada. O aumento ainda maior no desemprego causará uma deterioração significativa nos níveis de pobreza e desigualdade. Já atravessando dois anos de recessão quando surgiu o vírus, a Argentina com um aumento de 10,8% na pobreza em relação a 2019, será o país mais afetado da região. Seguida por Peru, com aumento de 9,3%, e pelas duas maiores economias da região: Brasil e México. A pobreza extrema deve aumentar ainda no Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, México e Nicarágua.

O relatório da Cepal, mostra uma queda da produção industrial do México de 29,3% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto a atividade total da economia no mesmo período diminuiu 26,4% na Argentina, 15,1% no Brasil, 14,1% no Chile, 20,1% na Colômbia e 40,5% no Peru. Com base nesses dados a agência projeta para o conjunto da região, uma queda média do PIB de 9,1% em 2020, com reduções de 9,4% na América do Sul, 8,4% na América Central e 7,9% no Caribe.

O desemprego ficará em torno de 13,5% no final do ano e uma nova estimativa da Cepal diz que o número de desocupados poderá chegar a 44,1 milhões de pessoas, um aumento de quase 18 milhões em relação ao nível de 2019. Números maiores do que os observados durante a crise financeira mundial de 2008, quando a taxa de desemprego aumentou de 6,7% em 2008 para 7,3% em 2009.

O relatório propõe como plano de ação imediata, uma renda básica de emergência, um bônus contra a fome e novas iniciativas de apoio a empresas e trabalhadores em risco. Porém, ao contrário disso, os governos neoliberais que hoje controlam a maioria dos países da região, adotaram medidas de ajustes fiscais que punem ainda mais os trabalhadores e devastam as condições de vida dos mais pobres.

A pandemia do Covid-19 escancarou a crise do capital, que se arrasta desde 2008 e se aprofunda em todo o mundo, fruto do capital especulativo e rentista. A produção de dinheiro sem relação com a produção e o consumo pelos grandes imperialistas e banqueiros causou a crise, e estes, em busca de mais lucros, querem que as populações dos países da América Latina e África paguem a conta. Essa conta virá na forma de ataques e retirada dos direitos historicamente conquistados, retrocessos nas leis e do endividamento paulatino dos países.

A classe trabalhadora latino-americana não pode aceitar que recaia sobre ela os efeitos de uma crise criada pela burguesia. Se não lhes foram dadas as condições para se proteger da pandemia, nada justifica ela estar paralisada por causa de um isolamento social que não pode fazer devido à necessidade de trabalhar e às precárias condições de vida. A revolta tende a crescer e as organizações de luta precisam encontrar os meios de mobilizar os trabalhadores na defesa de sua própria sobrevivência. 
 


Topo