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Bolsonaro mente na ONU porque sua política é baseada em mentiras

Em discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, no último dia 22, Jair Bolsonaro assombrou brasileiros e parte da imprensa mundial com as mentiras e distorções que proferiu.  A agência de fact–checking, Aos Fatos, checou suas declarações: sete foram consideradas falsas, uma exagerada, quatro imprecisas, cinco insustentáveis, três contraditórias e apenas seis verdadeiras. 

As consideradas falsas se concentram nos fatos relacionados à pandemia da Covid-19 e à questões ambientais. Sobre o meio ambiente, o presidente afirmou que o Brasil tem “a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo.” Um levantamento do Atlas de Energia da IEA (Associação Internacional de Energia), organização vinculada à OCDE, mostra que o Brasil tinha, em 2018, 45% do suprimento de energia decorrente de fontes renováveis. E o mesmo relatório mostra que há países com matrizes mais limpas, como a Islândia (89%), Moçambique (78%) e Noruega (48%). 

Em outra afirmação, o líder brasileiro disse que "Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares." E que "As grandes queimadas são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição.”.

Mas, segundo dados da ONG Ipam e da Nasa, apresentados pelo Aos Fatos, os focos de incêndio que atingiram a região em 2019 aconteceram em áreas previamente desmatadas. Além disso, tais afirmações ignoram todas as denúncias de que a maior parte dos incêndios tem origem criminosa.

Outra mentira dita por Bolsonaro diz respeito ao controle e fiscalizações. Segundo ele: "Os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação. Mantenho minha política de tolerância zero com o crime ambiental." Na verdade, de acordo com a própria imprensa burguesa, as autuações ambientais aplicadas pelo Ibama caíram em 34% em 2019, menor número em 24 anos. Perseguição à servidores de carreira, corte de gastos e desmonte dos serviços públicos responsáveis pela fiscalização são a realidade desse governo. 

Sobre a pandemia da Covid-19, Bolsonaro disse que alertou, desde o princípio, “que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego, e que ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade." Na realidade, não faltaram declarações e atitudes do presidente desprezando os riscos da pandemia, a que chamou de “gripezinha”, e os cuidados com a sua prevenção, chegando a fazer publicidade de medicamentos sem eficácia comprovada pela ciência. O governo Bolsonaro é mundialmente reconhecido como um desastre total em relação ao combate à pandemia, tendo ficado meses, durante o auge das mortes no país, sem ministro da Saúde. 

No plano econômico, a mentira descarada foi a afirmação de que “no primeiro semestre de 2020, apesar da pandemia, verificamos um aumento do ingresso de investimentos, em comparação com o mesmo período do ano passado. Isso comprova a confiança do mundo em nosso governo".  O próprio Banco Central registra que em 2020, o número de investimentos no país caiu cerca de 7,3%.

Bolsonaro é um bobo da corte contratado pelo imperialismo norte-americano para distrair a plateia enquanto a política econômica de Paulo Guedes segue sendo imposta às custas dos direitos e da vida dos trabalhadores. Privatizações para favorecer grandes corporações capitalistas internacionais e a entrega dos recursos naturais de bandeja aos países imperialistas é parte de sua política que alcançou uma base social justamente com discursos nacionalistas, em defesa da pátria, ou seja, baseados em mentiras. As mentiras ditas nas Nações Unidas não passam de mais um capítulo dessa manobra suja de criar confusões e fortalecer essa base social conservadora, que aceita a tese de que o problema do país está em seu povo. Enquanto isso, a grande burguesia, mantém o bolsonarismo no poder para efetivar, com ele, sua política econômica. Resta aos trabalhadores pressionarem suas lideranças a criarem uma verdadeira unidade da esquerda para derrotar o conjunto da política da direita, com os métodos da luta de classes, em greves e manifestações de rua.
 


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