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A investida imperialista contra a Bolívia

A América Latina encontra-se sob nova investida imperialista dos Estados Unidos. Todas as tentativas de redistribuição econômica que ocorreram na chamada Onda Rosa, a série de vitórias eleitorais da esquerda (ou da centro-esquerda) na maior parte dos países latino-americanos, entre 1998 e 2006, da qual os governos do PT fizeram parte, ou foram destruídas por meio de golpes com lawfare ou abertos, ou encontram-se em estado de sítio, como a Venezuela de Maduro.

A Bolívia de Evo Morales foi o último país a cair nas garras do imperialismo yankee, no fim de 2019. Por meio de fabricações da OEA (Organização dos Estados Americanos), criou-se a narrativa de que Evo teria cometido fraude nas últimas eleições, o que justificaria sua derrubada e seu exílio. Assim, a extrema-direita tomou o poder no país sob forte repressão às manifestações de apoio ao governo, com massacres de ativistas do MAS, partido de Morales.

Qual o interesse do capital internacional na Bolívia? Além de destruir um projeto anti-neoliberal, uma das maiores reservas de lítio no mundo, material usado para a fabricação de baterias de eletrônicos, encontra-se na Bolívia. Com o interesse internacional em energia “verde”, imensas quantidades de lítio serão necessárias para a transformação da produção de energia do mundo em “renovável”, isto é, solar ou eólica (pelo vento). Tais energias renováveis dependem de elementos fora do controle do capital – a incidência de luz solar ou a presença de vento – e, portanto, precisam ser “guardadas” em baterias de lítio, uma vez que a existência das usinas não é garantia de produção.

Apesar da imensa violência do golpe na Bolívia, que conta com o apoio da imprensa burguesa nacional e internacional, a aprovação do MAS segue alta e todas as previsões para as próximas eleições presidenciais deste ano colocam o candidato do partido, Luis Arce, como vitorioso. A burguesia boliviana e internacional treme com a possível volta do MAS ao poder: Morales havia prometido que os lucros da extração do lítio na Bolívia seriam utilizados para a melhora da qualidade de vida da população boliviana, o que reduziria imensamente o lucro das multinacionais interessadas nesta exploração. 

Na tentativa de garantir da derrota do MAS, a atual golpista no poder, Jeanine Añez, retirou sua candidatura para a eleições deste ano, pois estava em quarto lugar nas pesquisas de intenção de votos. É incerto quão efetiva esta manobra será para a direita. Ainda assim, há rumores de que a pandemia do Covid-19 será usada como desculpa para fraudar ou sabotar as eleições. No sistema capitalista, a burguesia não se importa com a legitimidade do “Estado democrático de direito”, desde que esteja no poder. 

Certamente, não é interesse do capital internacional e seu gângster, os EUA, deixarem o MAS voltar ao poder. É provável que, como já aconteceu na derrubada de Morales, no caso de não haver outra alternativa, a violência será utilizada para garantir a vitória do grande capital. A resistência dos trabalhadores bolivianos será acirrada e a repressão truculenta. A luta do povo boliviano contra o imperialismo norte-americano, é a luta dos trabalhadores de toda a América Latina em busca de autodeterminação econômica e nacional. 
 


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