Quando se trata de orçamento público ou fortunas privadas talvez não nos assustemos com cifras nas casas de milhões e bilhões. Mas, afinal, o que elas significam para os trabalhadores? Se um real fosse um segundo, um milhão de reais significaria, aproximadamente, onze dias, e um bilhão de reais seria aproximadamente trinta e um anos e oito meses. Um bom exercício para se compreender o tamanho da desigualdade.
Atualmente no Brasil, o patrimônio dos bilionários soma R$ 176 bilhões, o que, seguindo a conta anterior, faria um segundo equivaler a aproximadamente 5456 anos. A fortuna acumulada deste ano de 2020 tem um valor 38% maior do que o somado do ano passado. Enquanto isso, metade da população brasileira ganha, em média, R$ 544 ao mês, quantidade essa que significaria somente por volta de oito minutos, se continuarmos a comparação.
Para refletir sobre o significado desse abismo é preciso ter em mente a pressão que essa parcela da burguesia faz sobre os processos ideológicos e econômicos da sociedade. O trabalhador como indivíduo, em processo cada vez maior de uberização e superexploração, não é capaz de se sobrepor a essa força. É preciso que avance em sua consciência de classe e atue em nome da união da classe trabalhadora, certo de que é ela que realmente produz as riquezas necessárias para a manutenção do sistema econômico.
A burguesia aprimora cada vez mais a exploração da força de trabalho do proletariado e, em tempos de pandemia, quando o nível de atividade econômica de setores tradicionais da produção reduziu brutalmente, a fortuna dos mega investidores aumentou. Essa fortuna, acumulada de forma tão rápida, não visa atender as necessidades da maioria da população. A maioria dos grandes investidores age no mercado de ações e no sistema financeiro, que gera um retorno maior do que investir em produção que pode alimentar e melhorar as condições de vida das pessoas.
Como representantes da burguesia, os governos estão a mercê dessa acumulação e, portanto, trata-se de uma ditadura da minoria de burgueses contra a maioria do povo. A única forma de reverter isso é por meio da luta de classes com o objetivo de fazer com que a maioria alcance o poder político e transforme os meios de produção em instrumentos de criação da igualdade social.
