Uma das tarefas de qualquer organização, partido ou movimento revolucionário é atuar na formação política de seus militantes e da sociedade em geral, contribuindo para a desalienação dos sujeitos e a elevação de uma consciência de classe, revolucionária, possibilitando a construção efetiva de meios para a transformação social. A Luta Pelo Socialismo (LPS) atua na formação social em diferentes frentes, cumprindo seu papel de vanguarda no enfrentamento ao capitalismo e fazendo valer o princípio da pedagogia revolucionária cuja base é colaborativa: aprendemos uns com outros. Este mesmo princípio é encontrado na práxis do Partido dos Panteras Negras (PPN), uma organização que se auto classificava como vanguarda de orientação marxista-leninista, com forte influência do maoísmo.
Surgido oficialmente em 1966, na cidade de Oakland, no estado da Califórnia, EUA, ou seja, no coração do capitalismo, o PPN estendeu suas atividades até o ano de 1982, quando a organização se dá como extinta. Mas não sem antes criar células em quase todos os estados dos EUA e fora do País (Argélia e Reino Unido); pegar em armas para enfrentar a violência policial; criar vários programas de assistência comunitária, como a oferta de café da manhã para as crianças mal alimentadas dos guetos; implementar escolas com currículo próprio voltado para a emancipação humana; apoiar pessoas com doença falciforme; criar um jornal, o Black Panther, com circulação nacional e internacional, colocando em prática a orientação leninista de agitação e propaganda; monitorar diariamente o comportamento da polícia estadunidense para evitar abusos; criar um programa de 10 pontos, no qual estabelecia sua plataforma de reivindicação; criar centros comunitários, os chamados “Panther Pads”, para que as famílias pudessem ficar juntas e se protegerem da violência policial; estabelecer contatos políticos e relações de solidariedade com países que faziam frente ao capitalismo, como China e Cuba; orientar e esclarecer ao proletariado, em espacial ao proletariado negro, a não participar da guerra do Vietnã por ser esta uma guerra da burguesia que em nada atendia aos interesses do proletariado, e muito mais.
No mês da Consciência Negra, além de denunciar os impactos do racismo em nossas vidas, é fundamental voltarmos nossa atenção para experiências revolucionárias negras, como é o caso do Partido dos Panteras Negras. Celebrar essa memória, reconhecer o seu valor e legado, mas, principalmente nos perguntarmos: o que podemos aprender com essa experiência?
Assim como sua plataforma de reivindicações, elencamos aqui 10 coisas que podemos e devemos aprender com o Partido dos Panteras Negras:
1) A luta antirracista não se dá sem a luta anticapitalista;
2) A luta de classes é central no enfrentamento e superação do sistema hegemônico;
3) O racismo faz parte da engrenagem do capitalismo;
4) Nem todo negro é aliado; nem todo branco é inimigo;
5) Não se combate racismo com racismo. As organizações revolucionárias de esquerda precisam ser multirracial;
6) Se queremos formar e ampliar nossos quadros é preciso apostar numa educação emancipadora;
7) Com espontaneísmo não se vence o inimigo. É preciso organização;
8) Cabe às organizações de vanguarda saber ouvir e se colocar à serviço do povo;
9) A estetética e o pertencimento negro deve ser tomada como um ato revolucionário;
10) Empoderamento é a tomada efetiva do poder. Sem negociações!
No mês da Consciência Negra, diante do fortalecimento da extrema direita em várias partes do mundo e considerando a situação do Brasil que vive sob a égide de um governo de extermínio, para o qual a vida negra nada importa, que explora e oprime a classe trabalhadora em seu limite máximo, precisamos lembrar que a desigualdade racial associada à desigualdade de classe é uma realidade mundial. Retomar a história dos PPN é fundamental para não nos esquecermos de que os capitalistas “podem matar o libertador, mas não a libertação” (Fred Hampton, presidente da filial de Illiinois do PPN). A luta pela superação do racismo deve ser feita diariamente por todos aqueles que, independentemente da cor da pele, se insurgem contra o capital. Essa é uma luta do trabalhador contra o capitalista, do oprimido contra o opressor. Essa é uma luta nossa! Não podemos nos esquecer.