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Governo Bolsonaro deixa testes para Covid-19 vencerem

Em mais uma demonstração de franco desprezo pela  população brasileira, o governo de Jair Bolsonaro  mantém sem uso e com prazo de validade próximo ao vencimento 6,8 milhões de testes para diagnóstico da Covid-19. Todos esses testes, que poderiam ter evitado que o Brasil chegasse a mais de 170 mil mortos, estão estocados em um armazém do governo federal, em Guarulhos.

A denúncia foi apresentada pelo jornal "Estado de S. Paulo" no último dia 22. De acordo com a reportagem, o número de testes estocados, prestes a vencer em dezembro e janeiro, é bem maior que os 5 milhões utilizados pelo SUS em 9 meses de pandemia. O jornal também informa que esses testes desperdiçados  equivalem a 290 milhões de reais. 

Os testes prestes a vencer são RT-PCR, os mais eficazes na testagem, que consistem na coleta de secreção no nariz e na garganta por meio de um cotonete. Em laboratórios particulares custam de R$ 290 a R$ 400. De um lado, o Ministério da Saúde alega que é responsável apenas pela compra dos testes, e que o repasse ficaria por conta dos governadores e prefeitos. Por  outro, os gestores, afirmam que o governo entregou kits de testes incompletos. Esse jogo de acusações apenas demonstra que  nenhuma providência para resolver a situação foi tomada. 

Os dados sobre o prazo de validade, de conhecimento do Ministério da Saúde, indicam que 96% dos 7,15 milhões dos exames encalhados vencem em dezembro e janeiro. O restante até março. O ministro da pasta, Eduardo Pazuello, disse que solicitou ao fabricante que executasse uma avaliação dos produtos em uma tentativa de prorrogar sua validade.

O Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), afirmam que o ministério não entregou todos os kits de teste de Covid-19 e máquinas para automatizar a análise das amostras que havia prometido. De acordo com nota do Conass, “O contrato que permitia o fornecimento de insumos e equipamentos necessários para automatizar e agilizar a primeira fase do processamento das amostras foi cancelado pelo Ministério da Saúde”., 

A  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) limitou-se a dizer à imprensa que a entrega de testes vencidos é uma infração sanitária, enquanto  a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) afirmou que está realizando um estudo para verificar a estabilidade de utilização dos testes, que poderão ser distribuídos conforme as demandas dos estados.

Na sexta-feira, dia 27, a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) divulgou um levantamento que aponta que há ao menos 15 milhões de testes de Covid-19 perto do prazo de validade no Brasil. Entre esses estão os 6,8 milhões de testes do tipo PCR que estão no armazém do Ministério da Saúde, em Guarulhos. Considerados o padrão "ouro" para diagnóstico da doença, estes últimos representam 60% dos exames com data de vencimento próxima, segundo a CBDL. O restante corresponde à testes rápidos de anticorpos e testes laboratoriais de sorologia.

A  negligência é a regra do governo Bolsonaro no tratamento dado ao combate da pandemia. A amplamente denunciada falta de testagem se agrava com a descoberta de mais esse descaso com as verbas públicas e com a saúde da população. O País está diante do agravamento da situação, que nunca esteve sob controle, com o número de mortes crescendo e o colapso hospitalar tornando-se novamente uma ameaça.  Trata-se de uma política genocida utilizada, ainda, como oportunidade para o governo implementar os maiores ataques aos trabalhadores e à soberania nacional. 
 


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