• Entrar
logo

A luta dos educadores do Paraná

Encerrou-se no último dia 26 de novembro, depois de oito dias em jejum total, a greve de fome de Educadores(as) do estado do Paraná, que estavam acampados em frente ao Palácio Iguaçu, na capital (Curitiba). A categoria reivindica o fim do edital 47/2020, que instituiu prova para o Processo Seletivo Simplificado (PSS), que permite a contratação temporária de educadores desde 2005. O encerramento da grave de fome ocorreu em uma assembleia virtual da categoria, cuja participação foi bastante controlada. Iniciada às 10h30 do dia 19 de novembro, a greve de fome chegou a contar com 49 pessoas.

De acordo com o Sindicato dos professores, a greve foi encerrada para garantir a saúde dos(as) grevistas, que permaneceram 174 horas sem qualquer tipo de alimentação. Outra preocupação foi com o avanço da Pandemia do novo coronavírus na capital Paranaense. Médicos(as) voluntários que acompanharam os educadores em greve alertaram para o risco de a fragilidade imposta pela falta de alimentação os deixar ainda mais vulneráveis ao vírus.

A situação dos educadores é grave. O governo do Paraná não realiza nenhum tipo de concurso há sete anos. A categoria também pede a demissão do empresário Renato Feder, Secretário da Educação. As pautas são principalmente para evitar o desemprego de milhares de profissionais da educação, entre professores e funcionários. Além da revogação do edital e da prova, a categoria reivindica a renovação dos contratos de professores(as) e funcionários(as) de escola, atualmente contratados(as) de forma temporária pelo processo seletivo simplificado; o pagamento do salário mínimo regional e de promoções e progressões; concurso público para suprir o déficit de educadores(as); o fim da militarização das escolas da Rede Estadual e a manutenção das turmas de ensino noturno nas escolas incluídas no processo de migração para o modelo cívico-militar.

De acordo com o secretário do Combate ao Racismo da APP-Sindicato, Luís Carlos dos Santos, a  atitude extrema de entrar na greve de fome, com  risco de morte, se deveu à decisão inflexível do governo. Para Luís, “se fosse um concurso, tudo resolvido, mas haverá todo um custo para uma prova que não garante nada aos professores, só traz custos ao Estado e não é um concurso público. Precisamos dele para o ingresso dos professores com as garantias e seguranças para um serviço público de qualidade”.   

As mobilizações dos profissionais da Educação do Paraná tiveram início, em todo o estado, no começo de novembro, quando o governador do Paraná, Ratinho Jr., e Renato Feder anunciaram a militarização de 216 escolas e a realização de uma prova para o PSS. As medidas do governo foram tomadas de forma autoritária, sem consulta à categoria e com informações distorcidas à população. Neste período, o Sindicato exigia uma reunião com o governo, que, graças à mobilização, aconteceu no dia 17 de novembro, porém, sem uma resposta positiva para a categoria. A partir daí, montou-se o acampamento em frente ao Palácio Iguaçu e, no dia seguinte, 18 de novembro, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) foi ocupada por um dia pelos educadores(as). Após a desocupação da Alep, teve início a greve de fome, com objetivo de denunciar a falta de diálogo com o governo. 

A Reforma empresarial da Educação Pública avança a passos largos no Paraná. Ela prevê a destruição das condições de trabalho, o aumento da desvalorização salarial dos professores e irá promover a exclusão e a segregação escolar dos mais pobres. Os professores do Paraná demonstraram que estão dispostos a reagir a tal situação. No entanto, as direções sindicais optaram, mais uma vez, pela contenção da luta verdadeira e pela desmobilização, em nome de uma suposta pressão virtual sobre as instituições burguesas, que atuam em conjunto contra a classe trabalhadora.

A radicalidade dos professores do Paraná deve servir de exemplo para impulsionar uma mobilização geral em defesa da Educação Pública nacional. Os projetos que envolvem a reforma empresarial da Educação estão sendo impostos desde a Reforma do Ensino Médio, assinada em 2016, em todos os estados. A militarização, o fechamento do ensino noturno e de salas, a precarização do trabalho docente, entre outros, são partes desses projetos. É preciso organizar a luta de verdade, em greves e nas ruas. Se os trabalhadores foram obrigados a se sujeitarem ao trabalho explorador em tempos de pandemia, ela não pode ser pretexto para que suas lutas sejam inviabilizadas enquanto os ataques dos governos só aumentam.  
 


Topo