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Índia: a maior greve da história

Antes da crise econômica que levou as nações imperialistas a imporem a superexploração dos trabalhadores do mundo, a fim de acalmar a situação interna dos seus próprios países, a Índia era considerada  um dos países  “emergentes”, ou seja, considerados pela economia capitalista como países com maior potencial para crescimento econômico do mundo, sendo parte do BRICS, grupo formado pelos líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Fato é que no século XXI, com a continuidade do questionamento da ordem hegemônica capitalista, liderada pelos EUA e União Europeia, esses países tiveram avanços econômicos, assim como sociais, como diminuição da desigualdade, maior acesso a alimentos, projetos culturais, saúde e educação. 

No entanto, a ascensão de governos autoritários, com flertes fascistas, pelo mundo,  também atingiu  a Índia. O primeiro ministro indiano, Narendra Moji, aliado do brasileiro Jair Bolsonaro, é um dos exemplos de políticos autoritários e liberais que ascenderam ao poder nos últimos anos. Modi, desde sua posse em 2014, vem aplicando medidas neoliberais na economia, retirando direitos trabalhistas e sociais básicos da população, diminuindo a participação do Estado na economia, privatizando empresas estatais e prejudicando, em especial, os trabalhadores do campo. 

Contra essa retirada sistemática de direitos e o desmonte do Estado, os trabalhadores indianos vêm resistindo e exercendo diversas atividades de pressão. Em novembro, a gota d’água foi a revogação da Lei de Produtos Essenciais (ECA, na sigla em inglês), que estabelecia limites à quantidade de grãos que comerciantes ou empresas poderiam estocar, além de regular preços. A medida beneficia empresas privadas e o capital estrangeiro. Tudo isso feito durante a pandemia, que faz o país enfrentar uma recessão e diminuição do consumo de alimentos básicos. Esse fato fez com que milhões de trabalhadores do campo marchassem em direção aos grandes centros urbanos cobrando o retorno de seus direitos,  além de novas políticas para os trabalhadores.

Onze confederações nacionais de trabalhadores participaram do protesto, representando 200 grupos de agricultores da Índia. Ao ocuparem o meio urbano, os trabalhadores do campo ganharam apoio dos operários,  partidos de esquerda, estudantes e movimentos sociais, como o feminista, todos  grupos que estão perdendo direitos conquistados e sendo ameaçados pelo governo de extrema-direita indiano. A união dos trabalhadores de toda a Índia, culminou na maior greve da história da humanidade, que somou mais de 250 milhões de pessoas em luta por mudanças econômicas e sociais.

A carta apresentada pelos organizadores da greve inclui 12 demandas, entre as quais o retorno da Lei de Produtos Essenciais, e questiona as políticas de desinvestimento em grandes empresas estatais, a flexibilização de leis trabalhistas e a falta de programas de auxílio a trabalhadores do campo e da cidade afetados pela covid-19. Tapan Sen, secretário-geral da Central Indiana de Sindicatos (CITU), afirmou à imprensa que as manifestações contra as políticas desastrosas do governo Modi estão apenas começando e que lutas muito mais intensas virão.

O movimento gigantesco na Índia é uma prova do poder que os trabalhadores unidos têm. Resta saber se os trabalhadores conseguirão tomar o controle do movimento, ou se verão suas reivindicações sucumbirem às traições das lideranças de suas organizações de luta. Se os trabalhadores avançarem no movimento contra a extrema direita em seu país, se fortalecerão para organizar a luta pela queda do sistema capitalista, que retira direitos da classe trabalhadora para  privilegiar o capital privado. Somente aos trabalhadores cabe instaurar um Estado que defenda seus interesses, feito pelo povo para o povo.
 


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