A Eletrobrás, maior empresa elétrica da América Latina, está na mira das privatizações do Governo Federal. A estratégia usada pelo governo Bolsonaro para fazer a entrega desta importante estatal reproduz a velha fórmula, usada com frequência para tornar a empresa mais atrativa para as corporações capitalistas: demissão de trabalhadores, precarização dos serviços e campanhas para colocar a sociedade contra os trabalhadores e os serviços públicos.
As demissões, já anunciadas em 2019, acontecem em meio ao processo de desmonte do sistema Eletrobrás. Em plena pandemia, cerca de 235 trabalhadores serão demitidos até o final de fevereiro, conforme anunciado pela Estatal. Entre os estados, os que mais serão afetados estão o Pará (71) e Maranhão (60).
Trabalhadores experientes, da linha de frente do trabalho da Estatal, são os mais atingidos pelas demissões. A exemplo do operador de subestação, Ricardo Mafra, de São Luís (MA), que trabalha na empresa há 35 anos. Aos 56 anos, o servidor alerta para riscos de apagões cada vez mais frequentes e relata que no último dia 8 de março a capital maranhense ficou sem luz por cerca de três horas, e quem restabeleceu a energia foram justamente os trabalhadores que estão na lista de demissões. Ricardo é responsável pelo restabelecimento de energia caso desligue, trabalhando em plantões, pois o operador é o primeiro a dar manutenção em caso de problemas. Na subestação São Luís II, onde trabalha, sete dos nove operadores foram notificados das demissões.
Servidores qualificados gradativamente são substituídos por trabalhadores com contratos precarizados e em condições de trabalho inadequadas. Entre os atingidos pelas demissões estão os trabalhadores mais velhos, muitos já aposentados ou próximos da aposentadoria. Sem nenhuma novidade, o governo reproduz a mesma tática usada para os Correios e outras estatais que também estão na mira das privatizações: os desligamentos fazem parte de um processo de sucateamento para justificar a venda à iniciativa privada.
A ausência de concursos públicos e o número insuficiente de trabalhadores para atender a demanda dos serviços geram insatisfação na população que não entende a situação como parte da estratégia de entrega das estatais para os capitalistas, ávidos a sugar todo o potencial de lucro que as empresas públicas apresentam.
O resultado dos processos de demissão é o sucateamento das estatais que prestam serviços à população, que é convencida de que a empresa privatizada irá oferecer serviços melhores e mais baratos. No entanto, como inúmeros casos comprovam, a privatização precariza serviços, a exemplo dos recorrentes apagões ocorridos no estado do Amapá, do aumento das taxas cobradas e do total abandono da população quando os problemas acontecem.
São necessárias a organização e a luta de todas as categorias e da população contra o processo de privatização, que não é um problema apenas dos trabalhadores das estatais. Somente a luta poderá barrar as medidas privatistas do governo, de entregar todas as estatais a preço de banana para multinacionais que querem apenas explorar os nossos recursos e nada deixar para a população.
LUTAR CONTRA AS PRIVATIZAÇÕES. LUTAR CONTRA O DESMONTE DAS ESTATAIS E ENTREGA DO PATRIMÔNIO DO POVO.