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Morre o presidente da Tanzânia, negacionista da pandemia

O presidente da Tanzânia, John Pombe Magufuli, 61, morreu no último dia 17, em decorrência de um problema cardíaco. Magufuli não era visto em público desde o dia 27 de fevereiro, o que reforçou a suposição de que na realidade, tivesse contraído o coronavírus.

Um de seus principais opositores, Tindu Lissu, afirmou que Magufuli morreu de Covid-19 e que sua morte era uma “justiça poética, pois o mandatário desafiou o mundo na luta contra a pandemia. Magufuli resistiu em fornecer dados sobre infecções, expulsou os representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) do país, afirmou que a Tanzânia estava protegida da doença por intervenção divina, recusou-se a impor medidas de distanciamento social ou toques de recolher e rejeitou as vacinas.

O líder do principal grupo opositor, Chadema, Freeman Mbowe disse em entrevista pela TV, que os enterros estavam sendo supervisionados pelo Governo sob medidas rigorosas. De acordo com reportagem do El País, em fevereiro a Tanzânia viveu uma onda de mortes inicialmente atribuídas à pneumonia, mas que, na ausência de dados oficiais e testes, suspeita-se que poderiam ser devido à Covid-19. Várias personalidades morreram repentinamente naquele mês. O ministro da Economia, Philip Mpango, tossia e respirava com dificuldade na entrevista coletiva em que informou a morte do secretário-chefe do Governo, John Kijazi. Em 19 de fevereiro, durante o funeral de Kijazi, Magufuli admitiu a existência de “uma doença respiratória” na Tanzânia, sem especificar se falava sobre o coronavírus.

A exemplo do que ocorre no Brasil, o negacionismo em relação à pandemia da Covid-19 tem dificultado as ações de controle e proteção da população de vários países. A Tanzânia não fazia registro de casos relacionados à doença desde 8 de maio de 2020, quando o país somava 509 casos confirmados e 21 mortes. Magufuli afirmava que o país estava livre da pandemia “devido às orações” e que o vírus era proveniente de um demônio ocidental, além de fazer campanha contra as vacinas.

Na mesma linha, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, adotou uma postura negacionista em relação ao vírus e suas novas cepas, declarando-se contrário à compra de vacinas, disseminando condutas perigosas, como as aglomerações e o não uso das máscaras, por exemplo. Tal postura levou o Brasil a alcançar o segundo lugar em casos confirmados, além de somar mais de 90 mil novos casos e 284.775 mortes por dia pela Covid-19, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Além de fazer o oposto do que preconiza a Ciência, sendo propagandista do tratamento precoce no combate à pandemia, Bolsonaro tenta, diante do aumento de sua rejeição entre a população, ser populista ao se colocar contra as medidas de restrição propostas por governadores em nome da preservação da economia e dos empregos. 

Trata-se da aplicação da necropolítica para devastar populações dos países pobres e dependentes e criar o caos, com o fim de facilitar a exploração imperialista. Magufuli, considerado o Bolsonaro africano, morreu deixando uma herança de autoritarismo e repressão aos direitos democráticos na Tanzânia, no ano em que ocorrerão eleições presidenciais no país. Já no Brasil, esperar 2022 representará a sentença de morte para milhares de brasileiros, abandonados à própria sorte. 
 


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