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Putin vs Biden

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ironizou as declarações feitas pelo líder estadunidense, Joe Biden, durante uma entrevista à TV ABC News. A ser questionado se Putin era um assassino, Biden assentiu e respondeu que “sim”. No dia seguinte, em uma teleconferência transmitida pela agência Reuters de notícias, Putin respondeu com ironia às declarações de Biden  dizendo que “sempre observamos nos outros nossas próprias qualidades e pensamos que eles são iguais a nós”. O líder russo mencionou uma brincadeira de criança: “Lembro-me de minha infância. Quando discutíamos no quintal, costumávamos dizer: é preciso ser um para reconhecer o outro. E isso não é uma coincidência, não é apenas um ditado ou uma piada de criança.”

Putin  propôs uma discussão ao vivo com Biden, num evento próximo e a  porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, limitou-se a dizer que o presidente estadunidense  está “muito ocupado”. De acordo com Putin, a Rússia quer trabalhar com os EUA, mas em áreas que atendam a seus interesses e em condições que o Kremlin considere benéficas para o seu país. 

As declarações de Biden que geraram a resposta de Putin foram dadas após agências de inteligência dos EUA divulgarem na terça (16), um relatório segundo o qual a Rússia e o Irã teriam tentado ajudar o ex-presidente Donald Trump a se reeleger. Segundo o relatório conjunto das agências governamentais, "Amplas campanhas russas e iranianas visando múltiplos setores críticos de infraestrutura comprometeram a segurança de várias redes que administravam algumas funções eleitorais", mas não chegaram a agir diretamente na votação. Desde as eleições de 2016, quando Trump foi acusado de um conluio com a Rússia, a ingerência russa nas eleições vem sendo discutida no país

As disputas entre as várias camadas da burguesia e seus conflitos de interesses vão de longa data e se sobrepõem a cada momento de crise cíclica do capitalismo. Neste caso, a celeuma entre Trump e Biden, passa, necessariamente, por disputas por mercados entre Rússia e Estados Unidos, sendo que o primeiro possui, também, parcerias estratégicas com a China. Como sempre, os Estados Unidos valem-se de ameaças de sanções econômicas contra seus adversários políticos e econômicos e, para justificá-las, busca argumentos em nome da democracia e dos direitos humanos. Desta forma, trata-se, como sempre, de uma busca da manutenção da hegemonia geopolítica por um lado e da disputa entre os grupos da burguesia que controlam o mundo e jogam com os poderes executivos como peões em um tabuleiro de xadrex.

Não devemos nos iludir sobre os processos eleitorais e o caráter das mudanças que eles provocam. Se Trump foi eleito com auxílio de Putin ou não, se Biden não se beneficiou da mesma parceria ou não, as condições de vida da classe trabalhadora estadunidense não irão mudar, uma vez que a eleição de Biden irá apenas beneficiar uma pequena parcela de pessoas, ligadas intimamente ao imperialismo. As rusgas públicas entre os presidentes de duas potências mundiais demonstram que o jogo está sendo jogado e que, diante da crise avassaladora do capital, uma nova ordem geopolítica está sendo gestada e ela poderá não prescindir de confrontos diretos.

O processo eleitoral dos EUA escolhe o novo rosto do imperialismo, mas sua política se mantém a mesma: sugar o máximo de lucro dos trabalhadores e se aproveitar das crises para aprofundar a desigualdade entre as classes. Não importa quem esteja no poder no coração do imperialismo, ele levará a frente a necropolítica imperialista com unhas e dentes.
 


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