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Brasil é responsável por 23% das mortes de profissionais de saúde em todo o mundo

Um estudo feito pelo Conselho Internacional de Enfermagem (ICN), que analisou 60 dos 130 países que abrange, mostrou que em um ano de pandemia mundial, três mil profissionais de enfermagem morreram devido às complicações por covid-19. No Brasil, nesse mesmo período, segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), ao menos 702 enfermeiros(as), auxiliares e técnicos(as) de enfermagem vieram a óbito, vítimas da doença, o que equivale a 23% dos óbitos da categoria no mundo. Do total de mortes brasileiras, 234 foram registradas apenas entre janeiro e março deste ano, número que representa a metade das 468 mortes registradas em 2020. 

A falta de insumos e equipamentos de proteção individual são, sem dúvidas, fatores determinantes para essa matança dos profissionais da saúde, que também têm que lidar com o esgotamento físico e mental e o afastamento de muitos colegas que estão adoecendo por estresse, excesso de trabalho ou por contágio da Covid-19. As redes hospitalares públicas e privadas estão em colapso, reflexo da política negacionista dos governos burgueses, em especial o governo Bolsonaro. 

Um estudo sobre as condições de trabalho na Saúde, feito pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), detalhou a realidade desses profissionais. Os resultados da pesquisa “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19”, mostram que a pandemia alterou de modo significativo a vida de 95% dos trabalhadores. Quase 50% dos entrevistados admitiram excesso de trabalho, com jornadas acima das 40 horas semanais; 15% falaram da ausência de estrutura adequada para realização da atividade; 12,3% relataram fluxos de internação ineficientes. Com relação ao estresse psicológico, 18% dos participantes da pesquisa falaram do medo generalizado de se contaminar no trabalho e mais de 10% dos profissionais denunciaram a insensibilidade de gestores para as necessidades profissionais.

É fato que mesmo antes da pandemia, em virtude da política de sucateamento do sistema de Saúde, as queixas relacionadas ao processo de trabalho, carga horária e baixos salários eram rotineiras, mas se intensificaram no último ano. Conforme a conselheira-secretária do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT), Lígia Cristiane Arfeli, “a enfermagem sempre trabalhou acima do limite e do não cumprimento das normas técnicas por parte dos gestores público e privados, e com a pandemia só se agravou”. A conselheira também relata que as condições precárias de trabalho diante da superlotação das unidades de saúde, pronto atendimento, enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), tanto as públicas quanto as privadas, produzem cada vez mais o adoecimento precoce e a morte iminente dos profissionais que, fazendo esforços sobre-humano, proporcionam atendimento aos pacientes de Covid-19, muitas vezes sem macas, cadeiras e bancos. As denúncias da representante do Coren-MT também menciona locais com capacidade de atendimento para 18 pacientes que hoje atendem cerca de 40. 

A situação dos profissionais da Saúde é reflexo da política de desmonte e sucateamento dos serviços públicos. Os investimentos, já insuficientes, estão sendo cortados ano a ano, pois o interesse dos governos burgueses é asfixiar o SUS para benefício dos empresários da rede privada, o que significa decretar a morte para os mais pobres. É preciso defender um amplo e constante investimento no SUS, o que passa, necessariamente, pela valorização dos seus profissionais. 
 


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