O Censo 2021, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada 10 anos, e que já havia sido adiado no ano passado devido à pandemia da Covid-19, pode não ocorrer novamente este ano graças ao corte de 90% da verba solicitada pelo órgão. O Orçamento da União aprovado, destina menos de 5% do custo acordado entre o Instituto e o governo, que já era bem reduzido em relação ao orçamento pedido. O valor ainda pode ser alterado em votação no congresso, porém, não há nenhuma movimentação para que isso ocorra e, assim, a realização do censo ficará inviabilizada.
O censo visitaria os cerca de 71 milhões de lares brasileiros, coletando dados importantes sobre renda familiar, escolaridade, número de habitantes, etc.. A ausência do estudo poderá, inclusive, prejudicar ainda mais a distribuição de vacinas, pois sem os dados precisos e atualizados sobre a população nos municípios brasileiros, a distribuição pode ocorrer de forma errônea.
O que vemos, além do descaso do governo com as políticas públicas, é uma tentativa de manipular a opinião pública sobre os dados da população. Sem o Censo 2021, que revelaria o crescimento da pobreza, do desemprego e das mortes pela Covid-19, o governo tentará mascarar a realidade do país. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) afirmou em um relatório do ano passado que os níveis de pobreza na América Latina cresceram como um todo. O relatório estima que em 2020 a taxa de pobreza extrema foi de 12,5% e a taxa de pobreza atingiu 33,7% da população. Além disso, na América Latina pioraram os índices de desigualdade, as taxas de emprego e a participação no trabalho, especialmente para as mulheres, disse o relatório. Das 209 milhões de pessoas em situação de pobreza no final de 2020, 78 milhões estavam em extrema pobreza. São 8 milhões a mais do que em 2019.
Mais uma vez, o governo Bolsonaro tenta esconder e maquiar dados concretos que revelam sua política de morte. A necropolítica, que não tem outra função além de afundar ainda mais na pobreza uma grande parcela da população, enquanto a burguesia nacional aumenta seus lucros, e tornar o Brasil dependente das políticas externas do imperialismo estadunidense, é o carro chefe desse governo. Não devemos esquecer que este mesmo governo acelera a política de privatizações, vendendo as empresas brasileiras por migalhas, acabou com direitos trabalhistas básicos da população e deixa o povo brasileiro à mercê de sua própria sorte durante um período tão crítico, sem políticas públicas efetivas para controlar a pandemia, vacinar em massa a população e dar proteção financeira para que os trabalhadores possam fazer o isolamento social necessário.
Foto: Divulgação / Prefeitura de Santo Antônio de Posse / SP
