• Entrar
logo

Massacre de Eldorado dos Carajás – 25 anos

Na tarde de 17 de abril de 1996 uma quarta-feira, na chamada “curva do S” da rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás, sudeste do Pará, 21 trabalhadores sem-terra foram mortos por policiais. O episódio, que ficou conhecido como o Massacre de Eldorado dos Carajás, marca de forma trágica a questão da terra no Brasil. 

A data ficou marcada como Dia Internacional da Luta Camponesa e Nacional de Luta pela Reforma Agrária e este ano, para lembrar os 25 anos da tragédia, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou, no último sábado, atos por todo o país. Os atos foram marcados por protestos contra a fome que se alastra entre o povo brasileiro e contra a política subserviente ao agronegócio do Governo de Jair Bolsonaro.

Naquela 4ª feira de 1996, centenas de trabalhadores rurais, que  tentavam marchar até Belém para reivindicar a desapropriação da Fazenda Macaxeira, no município de Curianópolis, apontada como improdutiva pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), acampavam com suas famílias no local conhecido como “curva do S”. Como forma de protesto eles bloquearam a estrada e, por determinação do governador do estado, Almir Gabriel (PSDB), a Polícia Militar foi enviada para liberar a via. Os sem-terras foram cercados por policiais militares vindos do quartel de Parauapebas, de um lado, e do batalhão de Marabá, pelo outro.

Laudos oficiais posteriores comprovaram que algumas das 21 mortes tinham características de execução. Outras 77 pessoas ficaram feridas. Testemunhas que estavam na estrada bloqueada contaram que havia mulheres e crianças entre as vítimas e que, ao final da ação, os policiais aplaudiram e deram vivas. De acordo com o Ministério Público Estadual, todos os sem-terra que prestaram depoimento nos dias após o massacre contaram que alguns companheiros foram algemados, espancados e mortos. 

O massacre, que foi registrado por um cinegrafista da TV local, ganhou repercussão mundial e todos os anos, desde então, a Via Campesina, união camponesa internacional composta por 182 movimentos sociais, promove na data uma mobilização global. Neste ano, no contexto da pandemia de covid-19, o tema escolhido foi a defesa da soberania alimentar. 

Nesses 25 anos, a luta pela Terra não deu trégua aos trabalhadores rurais. Com a chegada da extrema direita ao poder, os conflitos agrários, que marcam a história do Brasil, estão cada vez mais acirrados à medida que avançam as políticas que beneficiam o agronegócio. A terra, que para os camponeses representa sua fonte de sobrevivência, para os fazendeiros e latifundiários é instrumento de especulação imobiliária, de criação de gado ou de monocultura para exportação. Esse setor, que detém o poder econômico e recebe incentivo do Governo Federal e do Congresso Nacional, promove a perseguição e extermínio dos camponeses.

Organizar a luta é a palavra de ordem do dia para os trabalhadores, sejam eles do campo ou da cidade. Como forma de conter o desmonte das políticas e das instituições públicas e de proteger a vida dos trabalhadores e suas lideranças, as organizações de esquerda, os movimentos sociais e sindical precisam organizar o enfrentamento a este governo e a todo o aparato estatal que está a serviço da burguesia imperialista. 
 

Foto: Metropoles 


Topo