• Entrar
logo

Desigualdade aumenta no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, são responsáveis diretamente pelo aumento da pobreza e da miséria da população brasileira. Se desde o princípio da pandemia da Covid-19, o governo brasileiro tivesse se preocupado com a proteção dos empregos, a manutenção de direitos dos trabalhadores e com um auxílio justo aos informais e desempregados, ao invés de manter o pagamento de juros da fraudulenta dívida pública e de manter o teto de gastos públicos, o número de brasileiros vivendo na pobreza e na extrema pobreza não teria dado o salto gigantesco que deu nos últimos dois anos.

Aliado ao empobrecimento está o colapso do sistema de saúde que afeta, em especial, os mais pobres e é resultado direto do negacionismo de Bolsonaro em relação a tudo o que se refere ao combate efetivo da pandemia, que esta semana atingiu o número de 400 mil mortes.

A desigualdade social cresce aceleradamente desde o início do governo Jair Bolsonaro, há dois anos. Mais de 9,1 milhões de pessoas caíram para abaixo da linha da pobreza e 5,4 milhões estão na extrema pobreza. Ou seja, nesse governo 14,5 milhões de brasileiros foram empurrados para classes econômicas mais baixas. Hoje o país tem 61,1 milhões de pobres e de extremamente pobres. Segundo o IBGE, é considerado em situação de extrema pobreza quem dispõe de menos de US$ 1,90 por dia, o que equivalia a aproximadamente R$ 151 por mês em 2019. Já os considerados pobres são aqueles que vivem com menos de US$ 5,50, equivalente a R$ 436 no referido ano. 

Diversas pesquisas demonstram que a desigualdade social se tornou maior com a pandemia. Além de serem os pobres, de baixa escolaridade, os mais atingidos pela falta de emprego e pela fome, são eles, também, os que mais morrem de Covid-19, uma vez que precisam sair às ruas atrás de sua sobrevivência, se expondo à doença nos transportes públicos lotados em cidades populosas. Da mesma forma, são eles os mais prejudicados pela falta de informação e de assistência básica à saúde.

A classe média também foi afetada pelo empobrecimento. De acordo com estudos do Instituto Locomotiva, com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de cada 10 pessoas neste estrato da população, seis perderam renda na pandemia. O número de pessoas de classe média, que era de 51% da população, em 2020, caiu este ano para 47% e empata agora com a classe “baixa”, com o mesmo índice de 47%.

Pesquisa publicada pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made-USP), com base em dados da Pnad Contínua e da Pnad Covid-19 do IBGE, concluem que o auxílio emergencial de R$ 600 e de R$ 1.200 para as mães chefes de família ajudou a diminuir as taxas de extrema pobreza e de pobreza em 2,4% e 20,3% respectivamente. O auxílio também minimizou os impactos da pandemia nos segmentos mais vulneráveis da população. 

Para o dirigente da CUT, Valeir Ertle, o governo Bolsonaro não se importa com os trabalhadores, nem com os pequenos e microempresários, que vêm sofrendo para manter seus negócios. Para ele, o fato do governo não ter renovado o Programa de Manutenção de Emprego e Renda, de redução de jornada e salários, responsável pela manutenção de 10 milhões de empregos, segundo o próprio Ministério da Economia, demonstra o quanto a dupla Bolsonaro/Guedes, pouco se importa com a saúde e a vida das pessoas. 

De acordo com a economista Ana Luiza Matos de Oliveira, uma das autoras da pesquisa do Made-USP, a forma como o governo vem enfrentando a pandemia, levando ao aumento da vulnerabilidade e da desigualdade social, terá um impacto imenso nas vidas da população de pouca renda. Para ela, “sem apoio aos vulneráveis, sem investir em educação, o Brasil vai demorar muito mais tempo para se recuperar, e os impactos negativos para as futuras gerações serão imensos”.

Ainda de acordo com Ana Luiza, a distribuição de computadores e acesso à internet para os estudantes pobres, beneficiaria muito as mulheres, especialmente as negras, as mais atingidas pela vulnerabilidade social. O Projeto de Lei nº 3.477/20, aprovado pela Câmara Federal, que destinaria verbas para escolas públicas comprarem tablets para os alunos e terem acesso à internet, foi vetado integralmente por Bolsonaro em abril. 

A pandemia está sendo usada como instrumento para que o caos social seja instalado no Brasil sem resistência dos trabalhadores. A crise econômica do capitalismo é anterior à crise sanitária e os planos políticos da burguesia que colocou Bolsonaro no poder é garantir a aprovação das reformas que retiram direito dos trabalhadores e aumentar a exploração dos mesmos. Enquanto os lucros das corporações capitalistas aumentam, o povo empobrece e morre, abandonado à própria sorte. 
 

Foto: Glauco Araújo / G1


Topo