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Falsa polarização nas eleições presidenciais peruana

As eleições presidenciais do Peru ganharam destaque internacional pela grande polarização entre os dois candidatos mais votados, e que irão disputar o segundo turno em junho. Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, tenta pela terceira vez a presidência do País, enquanto seu concorrente, o professor e sindicalista rural, Pedro Castillo, concorre à posição pela primeira vez.

Keiko Fujimori é a representante das elites peruanas. Conservadora socialmente, é adepta da política neoliberal e defende o modelo de livre mercado. Já Pedro Castillo diz adotar posturas que caminham no sentido de defender um Estado forte, o fim dos monopólios privados e a erradicação da “exploração trabalhista”. Na realidade, os dois candidatos seguem a mesma cartilha, sob a égide do imperialismo. Castillo, apesar de ser considerado pela imprensa burguesa como “de esquerda”, tratou nos últimos dias de acalmar os temores do mercado, dizendo que não estatizaria as empresas e rejeitou as comparações feitas entre ele e outros líderes latino-americanos de esquerda. O candidato prometeu desativar o Tribunal Constitucional, a mais alta Corte do País, sob a afirmação de que a Corte é uma defensora da "grande corrupção", e argumentou que caso se torne presidente fecharia também o Congresso, se este não aceitar seus planos.

Como se vê, a política afirmada por Castillo não é diferente da política de extrema-direita neoliberal de outros líderes da América Latina, como Jair Bolsonaro, que já fez falas sobre fechar o Supremo Tribunal Federal, que seria corrupto, e também o Congresso, enquanto se curva aos interesses do grande capital internacional.

Keiko Fujimori e Pedro Castillo também têm em comum o conservadorismo social: já afirmaram que se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, não pretendem promover nem reconhecer os direitos da população LGBTQIA+ nem o aborto em caso de estupro.

Para além da corrida presidencial, o Peru teve uma grande mudança em seu Congresso. O advogado e professor, Juan de la Puente, explica: “O Congresso eleito é muito mais conservador que o que tivemos nos últimos anos, e fragmentado. Essa correlação é interessante porque é muito provável que os setores conservadores obtenham uma maioria parlamentar para dar sustentabilidade a um Governo de Fujimori ou para realizar uma oposição dura ao Governo de Castillo”. O partido de Keiko Fujimori deve obter cerca de 24 cadeiras, enquanto a formação Peru Livre, que lançou a candidatura de Castillo, deve ter de 32 a 35 cadeiras.

O Congresso peruano também terá uma bancada fundamentalista de extrema-direita, ligada à Igreja. O Renovação Popular, partido ligado ao empresário ultradireitista, Rafael López Aliaga, alcançou 13 cadeiras no Congresso, dando mais força a onda conservadora no Peru.

A falsa polarização que está à mostra no Peru nada mais é que um joguete do imperialismo internacional. Tanto Fujimori quanto Castillo farão seu trabalho como “fantoches” da burguesia, defendendo os interesses daqueles mais próximos a eles e “pedindo a benção” das potências imperialistas. O povo peruano não pode se iludir com o caminho eleitoral, onde mudam-se as peças do tabuleiro, mas o jogo, e aqueles que ganham com isso, são sempre os mesmos.

Foto: reprodução EPA


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