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O apartheid em Israel e o genocídio contra os palestinos

Na última semana, um conflito histórico entre Israel e Palestina reacendeu o que a imprensa burguesa costuma tratar por “escalada de tensões”. O gatilho para os novos conflitos, que já deixou mais de 200 mortos, palestinos em sua grande maioria, dentre os quais inúmeras crianças, foram as ameaças, por parte do governo israelense, de despejar famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah, uma região fora dos muros do centro histórico de Jerusalém. Como se não bastasse o Estado de Israel reconfigurando toda a região da Palestina, tomando posse de territórios que eram dos palestinos, o governo israelense, sempre que possível, toma medidas para desalojar mais pessoas de suas casas, colocando os chamados “colonos israelenses” em seu lugar. 

Os acontecimentos entre Palestina e Israel não são exatamente inéditos. Algo semelhante ocorreu, durante o século passado: o Apartheid na África do Sul. Considerado um crime contra a humanidade, o Apartheid foi o sistema no qual os pretos sul-africanos eram tidos como “cidadãos” de “segunda categoria”, sem direitos básicos, segregados e impedidos de praticamente qualquer melhoria de vida, ficando totalmente a mercê da minoria branca descendente dos colonizadores. Foi um processo demorado, mas facilitado pelo horror mundial ao sistema, que incentivou boicotes e sanções contra o País. Para além disso, os movimentos revolucionários tanto os não-violentos, sob a liderança de Nelson Mandela, quanto os guerrilheiros colocaram pressão suficiente que o sistema finalmente entrasse em colapso, criando a atual África do Sul.

O  atual fenômeno no Oriente Médio é muito semelhante. Em Israel, os palestinos são tratados de forma tão terrível quanto os pretos sul-africanos há trinta anos. Expulsos de suas próprias terras após a Segunda Guerra Mundial, os palestinos estão cada vez mais enjaulados em territórios minúsculos, sob uma condição quase perpétua de sítio, fuzilados sem motivo pelo Exército de Israel, bombardeados, com uma economia em frangalhos. Em suma: os palestinos estão em uma situação de colonizados pelos israelenses.

Após a Segunda Guerra, os países vitoriosos, se sentindo em parte culpados pela catástrofe do Holocausto contra os judeus, realizado pelos nazistas na Alemanha, decidiram dar aos judeus um país próprio, no qual eles estariam livres de serem perseguidos e exterminados. O único problema é que o território escolhido para o novo país de Israel já era habitado por centenas de milhares de árabes, e que ali estavam há gerações. A justificativa para a escolha de tal local era, em primeiro lugar, o fato de aquela ser a “terra histórica” dos judeus, segundo o Antigo testamento. Em segundo lugar, e não menos importante, a Palestina era uma colônia inglesa e, portanto, era razoavelmente simples entregá-la para novos donos.

Fez-se então uma partilha, na qual metade do território da antiga colônia da Palestina viraria parte de Israel e a outra metade se tornaria o território dos árabes, que antes moravam na colônia. A solução não agradou a ninguém, e rapidamente ocorreu uma guerra, em 1948, na qual os palestinos foram derrotados e 700.000 pessoas foram expulsas de suas casas – algo em torno de 400 a 600 vilarejos foram “apagados” do mapa. Depois disso, Israel se colocou como uma nação em constante medo de guerra e, com a substancial ajuda financeira e militar dos Estados Unidos, conseguiu se sobrepor como a potência mais forte definitivamente em 1967, durante a chamada Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou uma liga de países árabes, incluindo a Síria, Egito, Jordão e o Iraque. Depois disto não houve mais questionamentos e o destino dos palestinos foi “selado”.

Ano após ano a situação dos palestinos piora e seu território, minúsculo, diminui cada vez mais, tomado por colonizadores israelenses sedentos por dominar toda a terra disponível. Se, durante a década de 80 e 90, uma solução de dois Estados, isto é, a real separação do território em Estados distintos, parecia possível, hoje isto não parece mais factível. O governo israelense, sob o mando de Benjamin Netanyahu e uma coalizão de ultra-reacionários tem como objetivo final a expulsão total dos palestinos das terras de Israel. Além disso, a guerra contra os árabes serve de excelente “distração” dos problemas sociais e econômicos de Israel, causados pelas políticas corruptas neoliberais de Netanyahu.

Ao que parece, sem intervenção externa e sem o fim do auxílio econômico e militar dos EUA para Israel, no valor de bilhões, a situação dos palestinos só piora, ao ponto do genocídio da população muçulmana da Palestina. Os palestinos são um dos últimos povos aberta e oficialmente colonizados no mundo, sem país, sem direitos, sem esperanças. Sua situação cataclísmica é mantida pelo imperialismo estadunidense. A ocupação dos territórios palestinos é ilegítima; a colonização injusta e os massacres horrendos. Devemos, portanto, apoiar nossos irmãos colonizados e lutarmos pelo fim da ocupação criminosa na Palestina.
 

Foto: Reprodução / Twitter


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