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O “Fora Bolsonaro” ganha as ruas

Sábado, 29 de maio, milhões de manifestantes e representantes de movimentos sociais e sindicais foram às ruas em mais de 200 cidades brasileiras, e no exterior, para protestar contra a política genocida e entreguista do governo Bolsonaro. A combatividade e extensão dos atos superaram as expectativas, inclusive das forças organizadoras, uma vez que a pandemia ainda causa muito temor na população. Chamou a atenção a repressão desmedida, protagonizada pela Polícia Militar do governo de Paulo Câmara (PSB), ao ato em Recife,.

A necropolítica imposta pelo Governo Federal é uma das principais responsáveis pelas mais de 460 mil mortes no Brasil desde que a pandemia do novo Coronavírus teve início no País. Com o falso pretexto de “salvar a economia”, o governo de Bolsonaro e Paulo Guedes desprezou os cuidados com a pandemia, ao mesmo tempo em que levou a economia à ruína. A maior parte da classe trabalhadora está desempregada, jogada na informalidade ou na miséria. Emendas Constitucionais e Medidas Provisórias, aprovadas pela base governista no Congresso Nacional, retiram direitos dos trabalhadores e destroem a soberania nacional com as privatizações.

A crescente revolta popular contra o governo levou as Centrais Sindicais a organizar uma jornada de lutas. No dia 26 de maio, nas capitais e algumas cidades do País, foi realizado o Ato “#600 contra a fome”, cujo objetivo foi levar aos parlamentares a agenda de prioridades dos trabalhadores, que passa pela proteção da vida, do emprego e da democracia. Os atos exigiram vacina para todos e auxílio emergencial de R$ 600.

Já no dia 29, a política do “Fique em casa”, impossível de ser praticada pela maioria dos trabalhadores, cedeu lugar à volta das grandes manifestações de rua. Os atos, por todo o País, foram uma demonstração da revolta da população contra os ataques desse governo lesa-pátria, inimigo do povo. 

No entanto, a lição de 2013 no Brasil mostrou que as legítimas mobilizações de rua podem ser cooptadas pela direita para controlar a política nacional, com uma máscara de “democracia”.  Os atos tiveram uma característica espontânea e participação massiva da juventude não organizada, o que significa um importante impulso para a luta. Porém, para ir além do espontaneísmo, característico das revoltas no Chile e na Colômbia, em que os violentos protestos fizeram a esquerda ganhar terreno, mas não derrubaram os governos neoliberais, é preciso, além das vanguardas pequeno-burguesas e das lideranças das organizações sindicais e movimentos sociais, colocar os próprios trabalhadores nas ruas.
O fim da política genocida de Bolsonaro deve ser imposto pelos trabalhadores, nas ruas, em greves, com a paralisação da produção, numa política clara de correlação de forças com a burguesia. As eleições estão sob o controle do poder econômico e, embora possam expressar uma parte dessa correlação de forças, são insuficientes para enfrentar os ataques do capitalismo imperialista em crise.

É preciso lutar para ganhar influência sobre a classe operária e agir na defesa intransigente dos interesses dela, com uma política revolucionária acertada e com palavras de ordem alinhadas ao estado de espírito das massas. Aos sindicalistas cabe debater com os trabalhadores de base, a partir dos seus problemas locais, nos setores de trabalho, mostrando a ligação destes com os problemas políticos mais amplos, aprofundando o debate sobre o avanço do sistema capitalista e de todas as formas de trabalho que irão se consolidar, baseadas na precarização total das condições de trabalho e, assim, atuar para a construção de uma Greve Geral por tempo indeterminado.

Foto: @luizrochabh - LPS/Mídia Ninja


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