A situação da pandemia da Covid-19 no Brasil estava nos seguintes patamares na semana que se iniciou em 31 de maio: mais de 16 milhões de casos acumulados e de mais de 38 mil a cada novo dia.
No mundo, são mais de 170 milhões de casos acumulados desde o início da pandemia e mais de 390 mil casos diários. Quanto aos óbitos, o Brasil entra no mês de junho com o índice de mais de 462 mil mortes. No mundo, os óbitos somam 3.500 milhões.
A situação ainda é dramática em países de economia dependente, como o Brasil, uma vez que as negociações para a quebra das patentes estão estagnadas e as vacinas contra a Covid-19 permanecem fora do alcance dos países mais pobres, conforme comunicado da Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma que mais de 81% das vacinas comercializadas foram para países de renda alta ou média-alta, enquanto os países de baixa renda receberam apenas 0,3%.
Assustada com a falta de controle da pandemia no País, a população brasileira também recebeu com espanto o anúncio de que a Copa América ocorrerá no Brasil, com início em 11 de junho. A Copa foi cancelada na Colômbia devido aos protestos populares, e na Argentina, que se encontra em meio ao combate contra um novo surto de casos do novo coronavírus.
Economia mundial
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) melhorou de novo sua previsão de crescimento global e diz que é graças ao forte “empurrão” dos Estados Unidos, cuja nova administração é vista com otimismo. Projeção para o PIB mundial ficou em 5,8%, para 2021. Para o Brasil, que segundo a projeção é de um crescimento de 3,7%, em 2021, a mesma de março, o otimismo está relacionado ao fato de ser exportador de commodities e, assim, beneficiado pela alta nos preços. Já a previsão de crescimento para 2022 recuou, passando de 2,7%, em março, para 2,5%, no relatório atual.
Os dados da OCDE revelam que a recuperação da economia mundial tem sido desigual entre os países e enfrenta vários revezes, incluindo a carência de vacinas em países pobres e emergentes. O Brasil vive desafios uma vez que o enfrentamento à pandemia não está nos projetos políticos do governo Bolsonaro. O País não adota medidas eficazes para o rápido controle do vírus, em especial a aceleração da vacinação e rastreamento de contatos, tampouco o controle da inflação e o apoio aos trabalhadores vulneráveis, que foi reduzido em 2021.
Israel: fim da era Netanyahu
A oposição israelense anuncia disposição para fechar um acordo para formar um governo de ampla coalizão com o objetivo de afastar do poder o atual primeiro-ministro interino, o direitista Benjamin Netanyahu, de 71 anos, que ocupa o cargo desde 2009. No último dia 30/05, o opositor, Naftali Bennet, um nacionalista conservador, disse no Knesset (Parlamento) que formará um “gabinete de unidade nacional” com o líder centrista, Yair Lapid. Ambos prometem selar um pacto entre sete partidos opositores, que vão da direita nacionalista à esquerda pacifista.
Segundo a imprensa israelense, o acordo não tocará nas questões mais sensíveis do País, como as negociações de paz com os palestinos e as polêmicas imposições das autoridades religiosas judaicas que pesam sobre a sociedade civil laica. Trata-se de uma articulação para aplacar a revolta popular contra o atual governo e realizar a superação da crise econômica sob controle da burguesia.
Segundo turno das eleições peruana
No Peru, de acordo com uma pesquisa divulgada no último domingo, 30/05, o candidato esquerdista, Pedro Castillo, supera nas intenções de voto a direitista, Keiko Fujimori, para o segundo turno presidencial, que será realizado no dia de 6 de junho. Fujimori tem o apoio do escritor Mario Vargas Llosa, que afirmou: “Combati o fujimorismo de maneira sistemática, como o fiz com ditaduras de esquerda e de direita, mas acredito que, nas eleições, no segundo turno, os peruanos devem votar em Keiko Fujimori, pois representa o mal menor”. Llosa é um dos principais articuladores do imperialismo na América Latina, presidente da Fundação Internacional Para a Liberdade, um think tank ligado diretamente às organizações dos grandes capitalistas norte-americanos, como a Atlas Network.
País dividido: Pedro Castillo, professor de escola rural, concentra 42% das intenções de voto, enquanto Keiko Fujimori, filha do detido ex-presidente, Alberto Fujimori, tem 40%. Castillho é um político moderado, defensor de pautas conservadoras, mas cujo partido, Peru Libre, é considerado de esquerda. É inegável que sua chegada ao segundo turno representa a pressão das mobilizações populares que ocorrem no Peru desde o ano passado, contra as políticas neoliberais e pró-imperialista no País.
A situação latino-americana, de grandes manifestações populares contra a agenda neoliberal, tem proporcionado uma guinada à esquerda nas políticas de vários países, como ficou evidente nas últimas eleições chilenas e na derrota da Reforma Tributária de Duque, na Colômbia.
Brasil
Relações com a China
Algumas políticas econômicas do governo Bolsonaro, como a privatização e liberalização de setores estratégicos, podem favorecer a presença da China no Brasil, seu principal parceiro comercial. Setores como o agronegócio demandam uma postura pragmática em relação a Pequim. Com relação à tecnologia 5G, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, chegou a visitar uma fábrica da Huawei, na China, afirmando na sequência que o Brasil não excluiria a empresa do processo de licitação do 5G. Com a derrota de Trump, nos EUA, a pressão contra a tecnologia da chinesa Huawey diminuiu no Brasil.
Também a crescente participação de estados e municípios na política externa tem possibilitado negócios com a China, sem interferências do Itamaraty, como no caso das vacinas. Trata-se de uma demonstração de força da China no contexto da Globalização neoliberal. A burguesia brasileira vive a contradição interna de ser aliada ao imperialismo dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que depende dos negócios com a China.
Crise hídrica
Logo após a aprovação da privatização da Eletrobrás, o governo brasileiro anunciou que o Brasil estaria diante da maior crise hídrica em quase um século, o que pode ter efeitos sobre a geração e distribuição de energia. Há o risco de que se passe a racionar energia em meio à pandemia da COVID-19 e o governo afirma que conta de luz das famílias deve aumentar devido ao acionamento das termelétricas. A informação pode ser entendida como um aviso de agravamento da situação caótica no combate à pandemia e de aumento da precarização das condições de vida dos mais pobres. Um prenúncio do que ocorrerá com a efetivação da privatização do setor de geração de energia no País.
29M
A combatividade e extensão dos atos do 29 de maio, em todo o País, superaram as expectativas, inclusive, das forças organizadoras, uma vez que a pandemia ainda causa muito temor na população.
As Centrais Sindicais organizaram uma jornada de lutas. No dia 26 de maio, nas capitais e algumas cidades do País, foi realizado o Ato “#600 contra a fome”, cujo objetivo foi levar aos parlamentares a agenda de prioridades dos trabalhadores, que passa pela proteção da vida, do emprego e da democracia.
Já no dia 29, mesmo com resistência de parte das lideranças de esquerda, a política do “Fique em casa”, impossível de ser praticada pela maioria dos trabalhadores, cedeu lugar à volta das grandes manifestações de rua.
Os atos tiveram uma característica espontânea e participação massiva da juventude não organizada, o que significa um importante impulso para a luta. Porém, para ir além do espontaneísmo, característico das revoltas no Chile e na Colômbia, em que os violentos protestos fizeram a esquerda ganhar terreno, mas não derrubaram os governos neoliberais, é preciso, além das vanguardas pequeno-burguesas e das lideranças das organizações sindicais e movimentos sociais, colocar os próprios trabalhadores nas ruas.
A pandemia da Covid-19 caracteriza a fase extrema da crise global do sistema capitalista. Se, por um lado, ela estagnou as crescentes manifestações populares contra os arrochos impostos pela crise, por outro, explicitou de maneira cruel as mazelas de um sistema cujos dirigentes atuam para manter o poder econômico dos mais ricos, em detrimento dos interesses da maioria. Assim, as contradições sociais se acirram em todas as partes do mundo e obrigam a burguesia a buscar caminhos políticos que amenizem a pressão das massas. Por meio dessas contradições os trabalhadores encontram espaço para se organizar e lutar pelo poder.