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Pandemia se intensifica em África com falta de vacinas

O continente africano sofreu um grande e repentino aumento no número de casos de Covid-19. O crescimento, registrado em diversos países, pode representar uma terceira onda continental da pandemia, conforme alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS afirmou que houve um aumento no número de testes positivos para a doença em 14 dos 54 países do continente, oito deles registraram um aumento superior a 30% no número de novos casos. Este aumento também é visto como um presságio para problemas mais profundos no continente, uma vez que os esforços de imunização foram prejudicados pela escassez de vacinas e pela falta de recursos para obtenção das mesmas.

Países como a África do Sul e Uganda, apesar dos esforços, têm sofrido o impacto desta terceira onda. Na África do Sul, os números de contágios sobem sem parar – quatro das nove províncias lutam contra a terceira onda. Em Uganda, a sobrecarga hospitalar já é uma realidade e o forte aumento no número de pacientes internados com Covid-19 está levando as autoridades a considerarem uma nova quarentena.

Especialistas acreditam que o aumento nas contaminações e no número de casos se da pelas novas variantes, identificadas no Reino Unido, Índia e África do Sul, que têm contribuindo para o surto e o consequente aumento das mortes.  Embora o Continente africano tenha registrado apenas 3% dos casos de Covid-19 no mundo, a Organização Mundial da Saúde afirma que a região foi responsável por 3,7% dos óbitos no mundo. E esse número pode ser ainda maior, dada a política de subnotificação que vem sendo empregada nos países africanos, onde boa parte das mortes por coronavírus não são contabilizadas como tal.

Outro grande problema enfrentado pelo continente é o acesso às vacinas. Enquanto os países ricos têm campanhas de vacinação avançadas, e alguns já estão a caminho de uma reabertura e retomada total das atividades, muitos países pobres da África não conseguiram sequer aplicar as vacinas. De uma população continental de 1,3 bilhões de pessoas, apenas 31 milhões receberam ao menos uma dose do imunizante e sete milhões foram completamente vacinadas. No Quênia, umas das maiores economias africanas, apenas 1.386 pessoas receberam ambas as doses da vacina, num contingente de mais de 50 milhões de habitantes. Devido à desconfiança em relação à vacina e as limitações na capacidade de vacinação, a República Democrática do Congo (RDC) doou milhões de doses para outros países africanos, antes que estas perdessem a validade. Países como Gana e Ruanda receberam suas primeiras doses através do consórcio liderado pela OMS, o Covax.

Apesar da entrega das doses pelo consórcio, o Covax Facility não cumpriu com sua meta de facilitar o acesso à vacina aos países mais pobres, tendo entregado muito mais vacinas aos países ricos que aos países pobres, aqueles que realmente possuem dificuldades no acesso ao imunizante. A “modesta” contribuição do consórcio para a imunização mundial se dá num contexto onde a população desses países é a mais atingida, sofrendo com a pandemia e sem uma perspectiva real de imunização, seja pela falta de vacinas, seja pela falta de equipamentos necessários para sua aplicação. A África, região mais explorada do mundo, segue sendo massacrada pela política imperialista.

A necessidade de uma vacinação coerente e célere em todo o mundo está dada desde o início da pandemia. Os países mais pobres, com menos condições de financiar e obter as doses, deveriam ter sido priorizados pela OMS para conter o avanço de casos. Contudo, a política imperialista, desde sempre, prioriza os países colonizadores, enquanto enxerga apenas o lucro que podem retirar das colônias, removendo seus recursos sem se importar com as condições de vida da população, isto não seria diferente em meio à pandemia e a crise generalizada do sistema. A única forma de acabar com a exploração que sofre o continente africano é com a superação do capitalismo e o início de um regime feito pela classe trabalhadora, em prol da classe trabalhadora: o socialismo.
 


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