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Novas variantes mais contagiosas aumentam a internação e morte de crianças e trabalhadores por Covid-19

A cidade de Curitiba, no Paraná, registrou o maior número de internações de crianças e adolescentes por Covid-19 desde o início da pandemia, além do aumento de mortes de trabalhadores nas funções de faxineiros, cobradores, porteiros e vigilantes. O maior hospital pediátrico do Brasil, o hospital Pequeno Príncipe, bateu recorde, no último dia 7 de junho, quando 22 crianças e adolescentes foram internadas pela doença em um único dia, sendo que sete foram para a UTI. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) indicam que, em comparação a 2020, nas faixas etárias que configuram a infância e a adolescência,  apresentou-se alta significativa tanto nos casos confirmados, quantos nas mortes causadas por Covid-19.

A faixa etária entre 0 e 5 anos, por exemplo, apresentou um aumento de 1.500% nos registros de mortes por coronavírus, passando de uma morte, em 2020, para 16 óbitos até o dia 11 de junho 2021. Com relação aos casos confirmados, a faixa etária com maior aumento foi a de 6 a 9 anos, que passou de 4.639 contaminados para 10.898, um crescimento de 134,92%. Os casos confirmados entre 0 e 5 anos passaram de 8.190, durante todo o ano passado, para 14.821, de janeiro a 11 de junho deste ano, um aumento de 80,96%. De acordo com a Sesa, em 2020, 27. 857 crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos foram contaminados pela Covid, enquanto o número de infectados deste ano já é de 59.943, um crescimento de 111.95%. Entre aqueles com idade entre 10 e 19 anos, no ano passado foram registrados 18 óbitos por coranavírus e neste ano já são 38.

 

Trabalhadores mais vulneráveis

 

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o aumento das hospitalizações e mortes em crianças no Paraná reflete o preocupante crescimento da doença em todas as faixas etárias. Com um governo que segue sem política de segurança e auxílio para a população, o número de mortes de trabalhadores que precisam se expor diariamente para garantir a sobrevivência de suas famílias dobrou na capital paranaense. Entre as profissões com mais mortes estão faxineiros, cobradores de transporte coletivo, vigilantes e porteiros. O aumento foi de 533%, segundo o site Bem Paraná. 

Os atingidos de forma mais grave pelo vírus foram os profissionais da limpeza: 24 óbitos na cidade, o dobro em relação ao total de 2020. Em seguida vem os vigilantes, com 18 óbitos entre janeiro e março de 2021, ante quatro registros em 2020 – um crescimento de 350%.  Os porteiros de edifícios vêm na sequência, com 17 óbitos, nove a mais do que no primeiro trimestre do ano passado, crescimento de 112,5%. Já os caminhoneiros registraram 15 óbitos, um crescimento de 400% comparado com os primeiros meses de 2020. 

O aumento no número de trabalhadores mortos revela outro triste dado: desde o início deste ano, permanece elevado o número de vínculos empregatícios encerrados por conta de óbito do trabalhador. Em Curitiba, só nos três primeiros meses deste ano, 1.854 contratos de trabalhadores foram encerrados por morte, sendo que no mesmo período de 2020 haviam 922 registros, o que representa um aumento de 101,8%. Em 2020, o mês com mais desligamentos por morte foi em agosto, com 429 casos. Já neste ano, em março, foram registrados 922 óbitos.  

 

Reabertura das escolas 

 

A tendência verificada na capital paranaense atinge as demais regiões do País e do mundo. Em São Paulo, de acordo com levantamento realizado pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo (SindHosp), houve aumento de 47% na ocupação de UTIs pediátricas em 93 hospitais particulares de 12 das 17 regionais. O número de óbitos de crianças por conta do coronavírus, em 2021, equivale ao total do que foi registrado em todo o ano passado no Estado, segundo pesquisa desenvolvida pela Agência Brasil, a partir de dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

Especialistas alegam que na nova onda da pandemia, há uma migração no perfil de infecções por coronavírus e o número de casos em crianças e adolescentes tem crescido no mundo. No Brasil, entre janeiro e fevereiro, morreram 1.208 crianças de 0 ano a 5 anos, segundo dados do Ministério da Saúde.

Além da vacinação da população idosa, o aumento do índice de contaminação e óbitos entre crianças é decorrente da maior circulação de variantes mais contagiosas. De acordo com o site MedScape, em Israel, na França, na Alemanha e nos Estados Unidos a abertura de escolas para a volta das aulas presenciais e o menor distanciamento social geraram a necessidade de criação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica. Considerando o descaso do governo brasileiro com investimentos no setor da saúde, com a prevenção da pandemia e com o ritmo da vacinação, a imposição para a reabertura das escolas no momento em que as médias móveis de mortes superam a marca de duas mil diárias, levará, inevitavelmente, ao aumento da contaminação e óbitos entre crianças e entre os trabalhadores impossibilitados de fazer o isolamento social.

Desde o começo da pandemia, o Brasil já soma 17,6 milhões de casos confirmados e quase meio milhão de mortes (494 mil mortes até o último dia 17 de junho). A política irresponsável do Governo Federal, que não priorizou em momento algum o combate à pandemia, trouxe impactos, diretos e indiretos, na vida da população, levando o País ao estado de calamidade. O governo de Jair Bolsonaro, em sua política negacionista de indicar tratamentos com medicações sem eficácia para o tratamento da Covid-19, de atrasar a compra das vacinas e de deslegitimar alguns imunizantes e até mesmo o uso de máscara, é o responsável pelo desastre social na pandemia. A vida da população brasileira não pode ser uma peça em um jogo de politicagem onde não importa quantos brasileiros morram, desde que a burguesia imperialista garanta seus lucros.  
 

Foto: EPA


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