• Entrar
logo

Apagão no CNPq: desmonte da educação pública brasileira

Pesquisadores de todo o país estão preocupados com o recente “apagão” no banco de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Desde o dia 24 de julho, pesquisadores e alunos relatam dificuldades para acessar várias partes do sistema, incluindo a plataforma Lattes e a Carlos Chagas, responsáveis por organizar informações de pesquisadores e bolsistas. O CNPq congrega dados e centraliza informações de todos os personagens da ciência no Brasil e seus trabalhos ao longo dos anos. 

O ministro da pasta, Marcos Pontes, explicou em uma live, na quarta-feira (28), que "teve um problema no componente de um dos computadores, que causou uma falta de acesso de interface. Por isso, não dá para ter contato com os dados”. Já em outra explicação, publicada na plataforma YouTube, o CNPq informou que houve um problema na controladora do Storage (equipamento responsável pelo armazenamento de dados) durante um processo de migração de dados para um novo computador e que, apesar do problema, nenhum dado foi perdido.

No entanto,  os pesquisadores continuam com receio de que estes sejam perdidos.  Segundo a pró-reitora de extensão da UnB (Universidade de Brasília), Olgamir Ferreira, em entrevista a UOL ,"O CNPq encaminhou mensagem tentando tranquilizar a todas as pessoas, mas há muitas informações desencontradas (...) . Caso essas informações sejam perdidas, certamente que a situação será gravíssima. Em geral, não costumamos fazer backup ou imprimir uma cópia após as atualizações, com isso muitos dados se perderão. É impensável essa situação".

O neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Stevens Rehen, afirmou, pelo Twitter, que o apagão é "uma metáfora cruel para o que vive toda a comunidade científica brasileira diante de um governo que não acredita em ciência".

O desmonte da educação pública e da pesquisa nas universidades brasileiras tem sido uma marca registrada do governo negacionista de Jair Bolsonaro. O apagão no CNPq atinge toda a vida dos pesquisadores nas universidades de norte a sul do País e é a expressão máxima de um governo neoliberal, que age o tempo todo contra a ciência e o desenvolvimento das pesquisas em território nacional. No momento em que passamos por uma crise sanitária que já matou mais de 540 mil brasileiros, as verbas para pesquisa em 2021 foram as menores dos últimos 20 anos, pouco mais do que a metade do orçamento investido em 2000.

O apagão do servidor é o resultado do descaso e do desmonte promovido desde o governo golpista de Michel Temer, que se aprofundou no governo de Jair Bolsonaro e que não afeta apenas os projetos de pesquisa ou o financiamento de bolsas para os estudantes, mas toda a infraestrutura do próprio Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O governo Bolsonaro segue à risca a cartilha proposta pelas empresas multinacionais que comandam a educação privada e, para isso, precariza a situação das escolas e universidades públicas, enquanto cria mecanismos para entregar os recursos da educação para gestores privados. Paulo Guedes é o Ministro da Economia que serve ao mercado financeiro. Sucatear a educação superior brasileira é parte do projeto de privatização que aumentará os lucros de grandes corporações internacionais de capital aberto que atuam no Brasil, sem se importar com alunos, professores, ou com as pesquisas que são fomentadas nas universidades públicas.
 


Topo