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Governo Bolsonaro e o golpe na Bolívia

As parcerias da direita latino-americana, por essência entreguistas e golpistas, nunca se deram apenas no campo comercial ou ideológico. Desde a década de 60, com os golpes militares patrocinados pela CIA, as ligações e redes de apoios golpistas são de conhecimento público. A chamada “Operação Condor”, por exemplo, foi uma aliança criada entre os países do cone sul do continente para colaborar na perseguição de opositores das ditaduras, trocar presos políticos e práticas de tortura. Essa conduta, com todo apoio da CIA, perdurou durante todo século XX e XXI, com incentivo e financiamento de golpes e motins na Venezuela, Paraguai, Honduras, Colômbia, Brasil e, mais recentemente, na Bolívia.  

Em 2019, o povo Boliviano sofreu um golpe, tanto de pessoas civis quanto de militares, que afetou completamente a vida social do País. A Bolívia é um Estado plurinacional, contendo diversas comunidades indígenas que são reconhecidas enquanto grupo social nacional. Esses grupos têm suas maiores representações no partido Movimiento al Socialismo (MAS), formado, nos anos 90, por lideranças indígenas e que ganhou força e notoriedade após um movimento de resistência à tentativa de privatização da água, que ocorreu nos anos 2000. Nesse cenário, surgiu o ex-presidente, Evo Morales, que presidiu o País pela maior parte do século XXI e ajudou a colocar em prática reivindicações históricas da população boliviana, além de forte presença do Estado na economia e em outros setores da sociedade. A Bolívia, dessa forma, ganhou certa autonomia interna e fez frente, no seu território, ao imperialismo europeu e estadunidense, que cobiçam as grandes minas de lítio bolivianas para produção de baterias, nova frente de atuação que o capitalismo vem tentado controlar para continuar se perpetuando no poder, mesmo que isso signifique a destruição do planeta. 

A popularidade de Evo o elegeu, democraticamente, nas eleições de 2019, para um quarto mandato. Mas as instituições capitalistas comandadas pelos Estados Unidos, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), alegaram fraude e prepararam terreno para o golpe de 2019, que teve forte participação dos militares locais. Os golpistas forçaram a renúncia e exilio de Evo Morales, além da forte repressão aos apoiadores do MAS, majoritariamente indígenas, sendo massacrados nos protestos pelo País, reforçando o caráter neoliberal e racista do golpe. 

Em 2020, foram realizadas novas eleições e os golpistas Carlos Mesa, Luis Camacho e Jeanine Áñes acreditavam que teriam vitória fácil e garantida. Mas as respostas da população boliviana, que não abandonou as ruas em momento algum após o golpe, garantiu a vitória em primeiro turno do candidato do MAS, Luiz Arce. Essa derrocada do golpe neoliberal na Bolívia abriu precedentes para a culpabilização e condenação dos golpistas (pelo menos os internos), como Jeanine, a ex-presidente golpista, que está presa, acusada de genocídio pela morte dos cidadãos Bolivianos de grupos originários. Outras investigações vêm apontando a velha cooperação das direitas do continente para golpes nos povos americanos, já sendo investigada a ligação de Mauricio Macri, ex-presidente argentino, e Lenin Moreno, ex-presidente do Equador, por enviarem armamentos para policiais e militares bolivianos golpistas. Agora, em novas etapas das investigações, o ex-presidente Evo afirmou que existem ligações do presidente fascista eleito no Brasil, Jair Bolsonaro, com o golpe e a violência praticada pelos golpistas na Bolívia. Essas ligações podem ser muitas, pois Jair Bolsonaro, seus filhos e seus ministros têm históricos de se reunir, apoiar e defender golpistas, militares e assassinos por todo o mundo, seja em discursos ou apoio prático nas relações exteriores do Brasil. Evo Morales possui provas concretas desta participação brasileira no golpe. Em entrevista ao jornal argentino Página/12, o ex-presidente boliviano afirmou: “"Minha informação oficial, confirmada e reconfirmada, é de que às 18h30 se reuniram Waldo Albarracín, ativista da direita, com Carlos Mesa, Fernando Camacho, Tuto Quiroga, a Igreja Católica, o embaixador do Brasil e também o da União Europeia. Isso foi no domingo e ali disseram que Áñez ia ser presidente".

Os movimentos sociais e as esquerdas devem se unir, mundialmente, em solidariedade internacional para se fortalecerem e combaterem o capitalismo e seus representantes nacionais. Esses casos de apoios golpistas pelo continente não podem continuar e devem ser observados, principalmente no Brasil, nas eleições de 2022 – o presidente Bolsonaro já recebeu, inclusive, visitas de representantes da CIA. 

Apenas a pressão popular e sua força conseguirão barras as tentativas golpistas que o capitalismo procura emplacar, principalmente nos países subdesenvolvidos, do chamado terceiro mundo. É preciso combater o projeto de fome, destruição e morte que o capitalismo prega por todo mundo.
 

Foto: Reprodução/Facebook


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