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Minas Gerais: a educação refém do vírus

Em sua política de negar a pandemia e a importância de medidas de distanciamento e contenção do novo coronavírus, o governador neoliberal, Romeu Zema, do estado de Minas Gerais, tenta, desde abril de 2021 (momento em que morriam mais de 3 mil brasileiros por dia) o retorno das aulas presenciais na rede estadual de ensino. Desde o início de 2020, o Brasil enfrenta a pandemia global do novo coronavírus, que já matou mais de meio milhão de brasileiros, expondo ainda mais as contradições capitalistas que preterem a vida ao lucro. O governo fascista de Jair Bolsonaro, além de não criar medidas contra a propagação da Covid-19, piorou a situação da doença no país ao deixar os trabalhadores sem medidas públicas efetivas de emprego e alimentação. Em Minas Gerais, Zema, próximo de Bolsonaro, segue a mesma linha do governo federal, alegando inclusive que “tem que deixar o vírus viajar”. 

Os trabalhadores em educação conquistaram, por meio de sua luta, alavancada por uma batalha judicial do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, Sind-Ute, que fosse protelada a decisão de retorno às aulas presenciais. Por 14 meses, a suspensão das atividades presenciais foi mantida por meio de decisão liminar concedida pelo Tribunal de Justiça. Além disso, o sindicato, pressionado pelos  profissionais da educação, conseguiu a garantia da vacinação da categoria. No entanto, a aplicação da primeira dose da vacina nos professores serviu de pretexto para a volta da pressão para o retorno presencial não seguro às escolas. 

Com apenas alguns professores vacinados com a primeira dose, alunos e muitos pais que ainda não tomaram nem mesmo uma das doses, o governo insistiu no retorno presencial, que teve início no mês de julho para a educação infantil e no dia 16/08 para todos os outros anos escolares. O governo do estado não garantiu testagem para os profissionais de educação, uma das medidas básicas para contenção da circulação do vírus, além de ambiente salubres, inexistentes  nas escolas. 

Devido à situação do retorno presencial sem testes, sem segunda dose para profissionais e sem perspectiva de vacinação dos pais e dos alunos, os professores mineiros deflagraram uma greve sanitária a partir do dia 12 de julho, na qual mantiveram o trabalho remoto. O governo de Minas Gerais, em seu projeto genocida e com apoio da Justiça reacionária, conseguiu proibir o trabalho apenas no remoto. Tal situação obrigaria os professores a uma greve total, que paralisasse os trabalhos tanto presencial quanto remoto, para, dessa forma, enfrentar o autoritarismo e o descaso com as vidas do governo estadual. Mas o sindicato optou por manter a greve sanitária, buscando garantir a segurança dos trabalhadores, dos pais e dos alunos, além de cobrar a ampla vacinação da população para que então possa ocorrer o retorno seguro e gradual. 

Os ataques do governo Zema à educação e à vida dos trabalhadores em educação e da comunidade escolar não cessaram e o mesmo judicializou a greve, obrigando o sindicato a fazer um acordo que não prejudicasse ainda mais a categoria. No acordo, o retorno presencial das atividades deveria acontecer a partir de 19/8 e o período de 2 a 18/8 não será caracterizado como falta comum, sendo considerada falta greve, com reposição a ser feita em até 90 dias, de forma presencial. Em assembleia virtual, ocorrida em 17/8, convocada pelo Sind-UTE, os docentes aprovaram a suspensão da greve sanitária, o que deve ser considerado como uma derrota da categoria, que retornou ao trabalho presencial sem garantias de segurança sanitária.

Apenas a luta pode garantir as condições de trabalho e, nesse momento, a vida dos profissionais da educação e de toda comunidade escolar envolvida no processo de retorno presencial das atividades escolares. As greves sanitárias têm se mostrado incapazes de barrar as investidas dos governos autoritários e genocidas que ocupam o poder no Brasil atual. Elas também não são instrumentos propícios para enfrentar os mecanismos de privatização da Educação pública e de exclusão escolar dos mais pobres. É urgente organizar a Greve Geral da Educação Nacional pra barrar o conjunto da política neoliberal contra os serviços públicos e os direitos da classe trabalhadora.
 


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