• Entrar
logo

Greve dos caminhoneiros é luta dos trabalhadores


No último dia 1º de novembro, tiveram início, em algumas cidades do País, a greve e os protestos dos caminhoneiros autônomos contra os aumentos abusivos dos preços dos combustíveis e pelo fim da política de Preços de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras. Ainda que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) tenha conseguido 29 liminares na Justiça para impedir bloqueios e colocado o forte aparato policial nas estradas, em muitos lugares os protestos e a mobilização se mantiveram fortes. Segundo as lideranças do movimento, espera-se um acordo nesta segunda, dia 8.

No Porto de Santos, no estado de São Paulo, o movimento conta com adesão de 100% da categoria. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) são as entidades que organizam a greve. De acordo com elas, há adesão à paralisação dos caminhoneiros também em São José dos Pinhais (Paraná), Barra Mansa (Rio de Janeiro), Volta Redonda (RJ), Ijuí (Rio Grande do Sul), Santo Augusto (RS) e em Rio Verde (Goiânia).

Segundo informações da CNTTL, a pauta dos caminhoneiros contém 15 itens, sendo três pontos considerados emergenciais: 

1) a mudança da política de preços dos combustíveis na Petrobras, que cabe ao Governo Federal alterar. O diesel, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, subiu 33% em 12 meses e a "inflação dos motoristas" alcançou 18,46%, no acumulado dos últimos doze meses, até outubro, o dobro da média geral do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela FGV, que acumula alta de 9,57% no mesmo período.

2) o retorno da aposentadoria especial após 25 anos de contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), medida que está parada no Senado Federal.

3) o julgamento da constitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da Lei Piso Mínimo de Frete (nº: 13.703/2018).

O fato de grandes empresários de transportes terem colocado, nos últimos anos, a pauta ideológica em defesa do bolsonarismo em meio às lutas dos caminhoneiros, faz com que a categoria viva sob desconfiança dos demais trabalhadores e vire alvo da imprensa empresarial, que tenta silenciar os objetivos da verdadeira luta contra a política de preços praticada pela Petrobras, consequência dos mecanismos de privatização da Empresa. 

A luta dos caminhoneiros autônomos, além de outras pautas importantes, é uma reação aos aumentos abusivos dos preços dos combustíveis. E isso é de interesse de toda a população. A mobilização dessa categoria deve ser não só apoiada, mas acompanhada de um chamado à luta de todas as centrais, sindicatos e partidos de esquerda contra o desmonte da economia nacional com a privatização de nossos maiores patrimônios, como a Petrobras e os Correios. A política de preços da Petrobras, que encarece o custo de vida da população, é consequência do alinhamento da Petrobras ao Preço de Paridade de Importação (PPI), estabelecido no governo de Michel Temer e mantido por Bolsonaro. Essa política permite manobras operacionais favoráveis às empresas estrangeiras e aos acionistas à medida em que se deixam as refinarias trabalhando com metade de sua capacidade, passando a exportar o óleo bruto e importar combustível em dólar.
 
É fundamental entender a importância da mobilização dessa categoria, capaz de parar o País, uma vez que as rodovias são a principal via de transporte de mercadorias. A greve apresenta uma pauta básica que, ao defender os direitos e a sobrevivência dos trabalhadores, os fortalecem como classe diante de seus exploradores. 

Em maio de 2018, uma greve dos caminhoneiros parou o País por vários dias e jogou o governo Temer nas cordas. A greve conseguiu mobilizar a população e, entre outras coisas, reavivou a urgência de organizar os trabalhadores para a ação direta nas ruas e de intensificar a luta contra a privatização da Petrobras e demais estatais. Ela colocou em destaque a política privatista de espoliação do Brasil em detrimento dos monopólios internacionais. À época, a esquerda se perdeu na confusão em caracterizar a greve como locaute (greve patronal) e não aproveitou as portas que foram abertas pelo movimento para organizar, em tempo hábil, uma Greve Geral que unificasse todos os trabalhadores contra a política golpista de espoliação do Brasil. A direita, por sua vez, se infiltrou no movimento e tentou arrastá-lo para uma pauta conservadora, que levou os segmentos patronais da categoria a aderirem ao Bolsonarismo. 

O que está colocado na ordem do dia para as organizações dos trabalhadores é intensificar as lutas e tomar às ruas, unificando todas as categorias, rumo a uma Greve Geral que poderá barrar todo o conjunto dos ataques aos direitos dos trabalhadores, às conquistas sociais e à soberania nacional.

Foto: fdr.com.br


Topo