Constantes demissões de técnicos e especialistas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), órgão responsável pela elaboração e aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ocorrem desde 2019. Nesta semana, porém, há poucos dias da aplicação do exame, ocorreu o pedido de exoneração de mais de 30 funcionários do INEP. Eles denunciam a fragilidade técnica e administrativa da atual gestão e o assédio moral sofrido no exercício de suas funções como motivação para a exoneração coletiva.
O Enem, que é a principal política de acesso ao Ensino Superior ao permitir que os aprovados concorram a vagas nas Universidades Públicas Federais, em qualquer lugar do País, através do Sistema de Seleção Unificada (SISU), está ameaçado pelo governo Bolsonaro.
Escândalos de vazamento de provas, controle e censura de conteúdo, recusa de isenções na inscrição para estudantes de baixa renda e corte de verbas foram armas usadas até agora para desacreditar e inviabilizar o Enem, um instrumento que aumentou a possibilidade de acesso dos jovens, especialmente os que se encontram em condições de vulnerabilidade social, à Universidade Pública.
O desmonte dessa política é parte dos planos do governo Bolsonaro de acabar com o direito da juventude trabalhadora ao ensino superior. Recentemente, o ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, disse à imprensa que a universidade deveria ser um espaço de acesso "para poucos”, revelando a visão elitista que esse governo tem em relação ao mercado de trabalho. Com o desmonte do Enem, junto ao constante sucateamento das escolas públicas e universidades federais, além dos cortes de verbas para as pesquisas, o governo concretiza o projeto de inviabilizar o acesso ao conhecimento para os filhos da classe trabalhadora.
Foto: INEP/MEC