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A luta do povo negro é a luta contra a exploração capitalista

Os atos do dia 20 de novembro deste ano, Dia da Consciência Negra, foram chamados por movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de esquerda como mais um ato contra o governo, desta vez com o mote Fora Bolsonaro racista. 

Ao que pese a importância das manifestações ocorridas em todas as capitais e grandes metrópoles do País, os atos mostraram uma tendência da esquerda nacional diante da atual conjuntura política: direcionar a luta contra o governo apenas para o debate das eleições de 2022, o que avaliamos ser um erro político. Esse direcionamento é visível quando observado que este foi um dos menores atos Fora Bolsonaro. Vale lembrar que as manifestações que haviam sido chamadas para o dia 15 de novembro foram desmarcadas para que se “jogasse peso” nos atos do dia 20, o que efetivamente não ocorreu. As centrais, sindicatos e partidos de esquerda não mobilizaram com a intensidade necessária e este é um balanço que precisa ser feito entre as direções, principalmente diante da potência e magnitude da pauta.

A opção das lideranças por manter a luta somente no campo das eleições, no que pese a importância delas, tem levado a classe trabalhadora às maiores derrotas já vividas em sua história de lutas por direitos. As reformas aprovadas desde 2016 e as políticas de privatizações e destruição dos serviços públicos jogaram mais da metade dos trabalhadores no desemprego ou na informalidade. A pobreza e a miséria só aumentam e os direitos sociais estão a cada dia mais ameaçados. 

Em relação à luta do povo negro, que não pode ser dissociada das principais reivindicações dos trabalhadores, como emprego, direito à saúde e à educação, a opção eleitoreira da esquerda serve para manter sob controle a revolta dos setores mais oprimidos da sociedade contra a violência do Estado, voltada principalmente à juventude preta e periférica. Os negros foram as maiores vítimas da pandemia da Covid-19 e lideram a estatística de assassinatos pela Polícia Militar no País.

No Brasil de Bolsonaro, o aumento da repressão e da intolerância por meio de grupos racistas e fascistas têm sido notório, pois ocorrem com o “aval” do próprio mandatário, que dissemina discursos de intolerância de todo tipo. Assim, a histórica luta do povo negro se torna cada dia mais necessária para combater a extrema-direita que, para levar sua pauta econômica neoliberal ao extremo, lança mão de mecanismos ideológicos que tentam naturalizar a desigualdade social. Sendo os pretos e pobres a maior parte da classe trabalhadora, os donos do poder passam a atacar os avanços sociais que esse setor conquistou e a estimular práticas racistas e discriminatórias para justificar a exclusão que sofrem no mundo do trabalho. 

O objetivo da extrema-direita é usar o racismo como mecanismo de subjugação dos negros, pois, assim como o machismo, essas são estruturas fundamentais da sociedade capitalista. Portanto, a resistência do povo negro e a defesa de suas tradições e de sua religiosidade devem se aliar à luta de toda a classe trabalhadora contra o conjunto das políticas neoliberais que visam impor novas formas de escravidão aos trabalhadores. Para isso, é preciso organizar mais que atos simbólicos e colocar em movimento os mecanismos de resistência ao sistema capitalista, ou seja, as lutas com grandes manifestações de ruas, ocupações de espaços públicos, greves e paralisações. 

Fora Bolsonaro e todo o seu governo!
Por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo!

Foto: @luizrochabh
 


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