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Inflação dos alimentos: poder de compra reduzido

Em junho de 2022, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em nove das 17 capitais em que o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza, mensalmente, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre maio e junho, as maiores altas ocorreram no Nordeste, nas cidades de Fortaleza (4,54%), Natal (4,33%) e João Pessoa (3,36%). Oito cidades apresentaram reduções, sendo que as mais expressivas foram registradas no Sul: Porto Alegre (-1,90%), Curitiba (-1,74%) e Florianópolis (-1,51%). São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 777,01), o que representa 64,10% do salário mínimo, seguida por Florianópolis (R$ 760,41), Porto Alegre (R$ 754,19) e Rio de Janeiro (R$ 733,14). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 549,91), Salvador (R$ 580,82) e João Pessoa (R$ 586,73). 

De acordo com série projetada pelo Dieese, o maior poder de compra que o salário mínimo já teve na história foi em 1960. Nesta época, uma cesta básica custava apenas um terço do salário base, deixando os 70% restantes livres para outros gastos. Esse poder de compra foi sendo rapidamente engolido durante a Ditadura Militar, nos anos de 1960 e 1970, quando o regime deixou de recompor as perdas com a inflação nos reajustes salariais.

No início do Plano Real, 1994, era necessário gastar o salário mínimo inteiro para compor a cesta básica – ambos valiam R$ 64. O controle da hiperinflação daí para frente, seguido de uma política de valorização do salário mínimo nos anos de 2000 e 2010, durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), ajudou a recompor parcialmente esse poder aquisitivo, mas a grande crise do capital iniciada na última década e a política econômica errática de Bolsonaro fez a inflação registrada no Brasil ser uma das mais elevadas do mundo no último ano. 

Na última semana de julho, a imprensa apresentou o resultado da pesquisa Ipec, encomendada pelo C6 Bank, que mostra que 72% dos brasileiros das classes ABC com acesso à internet eliminaram algum item da lista de compras do mercado nos últimos seis meses por causa da alta de preços. O fato é que, quanto menor o rendimento do trabalhador, maior o impacto da alta dos alimentos sobre sua vida, pois estes consomem a maior parte de sua renda, restando pouco ou nada para outras necessidades fundamentais. 

Com o aprofundamento da crise mundial, a tendência é de a inflação continuar a massacrar os trabalhadores e a situação social se agravar, com protestos e revoltas. Por isso, as eleições no Brasil devem ser encaradas como um momento para fortalecer a luta contra o neoliberalismo.
 

Foto: BemBlogado


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