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Pobreza cresce nas grandes cidades

O sistema eleitoral brasileiro torna-se a cada ano menos democrático e as regras impedem a grande maioria da população a ter acesso às informações sobre a realidade dos problemas e aos programas de governo que propõe atacá-los. O curto tempo de campanha, a ausência de debates sérios e o escasso tempo na televisão fazem das campanhas eleitorais um espaço de manipulações por meio de mensagens rápidas, muitas vezes repletas de notícias falsas, que não abrangem a raiz dos problemas, nem apresentam a necessária política para enfrentá-los. 

A superação da situação de pobreza e extrema pobreza em que vive grande parte da população brasileira será o desafio urgente do próximo governo, caso Lula seja o vencedor. Na segunda-feira (8) a imprensa divulgou o resultado do boletim Desigualdade nas Metrópole, produzido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Observatório das Metrópoles e Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). De acordo com o boletim, o número de pessoas em situação de pobreza saltou para 19,8 milhões nas metrópoles brasileiras em 2021, o maior nível da série histórica iniciada em 2012. O número de pobres passou a representar 23,7% – quase um quarto – da população total de 22 grandes cidades brasileiras analisadas. Desde 2012, esse percentual nunca havia alcançado 20%.

A pandemia agravou o cenário da crise econômica mundial.  No entanto, o salto dado pela pobreza em 2021 se deve à continuidade do desemprego, da disparada da inflação e da retirada abrupta do auxílio emergencial no início do ano passado. O benefício foi suspenso em janeiro daquele ano e só foi retomado três meses depois, em abril, mas com valor e público reduzidos. À época, ao menos 22 milhões de pessoas deixaram de ser beneficiários do programa, em contexto pandêmico e com elevados índices de desemprego. Ou seja, a política de Bolsonaro, no momento de crise sanitária, foi dar as costas aos trabalhadores, retardando o processo de vacinação e só retomando o auxílio nas vésperas das eleições, após o caos social estar instalado no país. 

O contingente de pessoas em pobreza extrema (que sobrevivem com cerca de R$ 160 ao mês) também bateu recorde e chegou a 5,3 milhões nas regiões metropolitanas no ano passado. Um acréscimo de 1,6 milhão na comparação com 2020, quando 3,7 milhões estavam nesse grupo. Somente na cidade de São Paulo, o número de pessoas em pobreza extrema saltou de 381,4 mil em 2014 para 1,03 milhão em 2021, 4,7% da população total.  O número de pessoas em situação de pobreza (cuja renda per capita por mês não ultrapassa os R$ 465) também quase dobrou no período, passando de cerca de 2 milhões para 3,9 milhões na capital paulista. No Rio de Janeiro, a extrema pobreza subiu de 336,1 mil, em 2014, para 926,8 mil em 2021.

Diante dessa situação dramática em que vive parte considerável da população das grandes cidades, parlamentares de oposição ao governo votaram a favor do benefício de R$ 600, que substituiu o Bolsa Família, após manobra de Bolsonaro para liberar os repasses a dois meses das eleições e válido apenas até dezembro. No entanto, parte desse valor será corroída pela inflação, que segue em alta. 

Bolsonaro governa para o grande capital que precisa explorar os trabalhadores para manter suas taxas de lucros. Sua política econômica foi a de aplicação violenta da política-econômica neoliberal, que tem como base retirar direitos, enxugar salários, destruir serviços públicos e ignorar a fome daqueles que são excluídos do sistema pelo desemprego.  O atual governo abandonou as políticas de segurança alimentar e não adotou medidas estruturais para resolver a alta dos preços dos alimentos. Além disso, o custo de vida fica mais alto em decorrência de políticas como a de privatização da Eletrobras ou a de manutenção da política de preços de paridade internacional na Petrobras.

O combate à pobreza e extrema pobreza é urgente e não poderá ser feito apenas com auxílios. É preciso uma política-econômica que crie empregos, desenvolva a economia nacional e valorize o poder de compra do salário. Nas eleições, os trabalhadores devem usar a tribuna da campanha para analisar seus problemas, debater políticas públicas que os beneficiem e pautar suas reivindicações com palavras de ordem que representam os interesses da classe trabalhadora.
 

Foto: Reprodução/Google


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