Depois de causar a guerra na Ucrânia, com o objetivo de cercar e ameaçar a soberania da Rússia e de utilizar o País como base para laboratórios de armas biológicas, com anuência do governo local, fantoche da OTAN, os Estados Unidos promovem uma escalada de tensões com a China, seu alvo verdadeiro. A visita do presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, no último dia 3 de agosto, ao território de Taiwan, em que afirmou que estava ali para “honrar o compromisso independente dos EUA em apoiar a democracia vibrante de Taiwan”, acendeu o alerta chinês contra uma evidente ameaça aos seus interesses
Taiwan é uma província rebelde da China, na qual os Estado Unidos tentam, desde meados do século passado, fomentar o divisionismo. O pretexto é sempre o de “levar a democracia”, o mesmo usado nas invasões de países como Iraque, Afeganistão e Síria. No entanto, o que levam são a morte e a destruição, na busca de tentar manter sua hegemonia mundial, hoje, mais do que nunca, ameaçada, quiçá superada, pelo poderio econômico, político e militar chinês.
A ilha de Taiwan, que fica a alguns milhares de quilômetros de distância da China, é governada por descendentes daqueles que foram derrotados pela Revolução Chinesa, desde 1949. No exílio, esses capitalistas derrotados, embora afirmassem que eram a “verdadeira China” e tenham implantado um governo próprio, nunca tentaram, de fato, se tornar independente da China continental que, por sua vez, considera o local apenas como uma província rebelde, mas sua. As tensões aumentam quando os Estados Unidos fazem alguma movimentação no sentido de ameaçar a soberania da República Popular da China, conforme já ocorrido em períodos passados.
A diferença entre as crises anteriores e a causada pela visita de Pelosi é o papel geopolítico ocupado pela China atual. O País disputa a hegemonia política e econômica do mundo, sendo já o principal parceiro comercial da maior parte dos países da África, Ásia e América Latina. Trata-se do maior mercado consumidor do mundo, com uma indústria diversificada e um campo tecnológico de ponta. Talvez por isso, o presidente estadunidense, Joe Biden, tenha guardado silêncio de uma semana sobre a crise aberta, limitando-se, no último dia 08/08, a manifestar preocupação com as movimentações chinesas. Desde a visita de Pelosi, aviões de guerra chinesa sobrevoaram o espaço aéreo de Taiwan, enquanto o governo taiwanês começou a movimentar o exército e fazer treinamentos militares com munição real.
Mais uma vez, os Estados Unidos criam uma crise política que poderá escalar para a guerra. Assim como na guerra da Ucrânia, desta vez também a situação é diferente de invadir países secundários no cenário global: as movimentações atingem a China, uma potência econômica e militar, assim como atingiram a Rússia por ser sua aliada. As inúmeras guerras provocadas pelos EUA, com apoio da subserviente União Europeia, ocorridas em todos os continentes do mundo contra países secundários, não deram conta de recuperar a economia capitalista, em crescente grau de putrefação desde, ao menos, 2008. A estratégia, ao que parece, é causar uma guerra ainda maior, com o risco de confronto nuclear. Para o capitalismo, porém isso não é um problema: desde que se mantenha o dinheiro no bolso dos donos dos meios de produção, miséria, destruição e morte são efeitos aceitáveis.
Foto: Hector Rematal/AFP