• Entrar
logo

Brasil de Bolsonaro: fome, miséria e desemprego

Em pleno 2022, 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer no Brasil– 14 milhões a mais de brasileiros em situação de fome em pouco mais de um ano. É o que aponta o II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, uma pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), com execução do Instituto Vox Populi.

Ainda segundo o documento, se somadas as pessoas que sofrem com algum nível de Insegurança Alimentar (IA), esse número sobe para absurdos 125,2 milhões. Conforme o relatório, “restrição quantitativa aos alimentos ocorria em 30,1% dos domicílios, dos quais 15,5% convivendo com a fome (IA grave). Em termos populacionais, são 125,2 milhões de pessoas residentes em domicílios com IA e mais de 33 milhões em situação de fome (IA grave)”.

Longe de ser um problema relacionado exclusivamente com a crise sanitária mundial de Covid-19, que afetou o Brasil de forma ainda mais violenta graças à falta de políticas públicas do governo Bolsonaro, a questão da fome e da miséria é o resultado da política de desmonte do Estado brasileiro, levado à cabo pela burguesia entreguista e golpista que tomou de assalto o poder político. A pandemia apenas acelerou um projeto que foi definitivamente  implementado apóso golpe jurídico-parlamentar que destituiu a presidenta eleita, Dilma Rousseff. 

Segundo a Ação da Cidadania, parceira da Rede PENSSAN na realização do relatório, “Em 29 anos de luta contra a fome, a Ação da Cidadania se vê diante de um dos piores momentos dos números da fome desde sua fundação. (...) Apenas 2 anos após o Brasil sair do Mapa da Fome da ONU, em 2014, a Ação da Cidadania já percebia, por meio de sua rede nacional de comitês, que a fome voltava com força. Já em 2017 retomamos a campanha Natal Sem Fome e, com ela, voltamos a atuar focados no combate à fome. Desde então, foram quase 20 milhões de brasileiros ajudados pelas nossas campanhas”. Já a organização ActionAid, outro parceiro do Relatório, constatou que “o contexto de fome e Insegurança Alimentar, nos seus diversos aspectos chega a níveis ainda mais estarrecedores. O crescimento da pobreza, somado à inflação dos preços dos alimentos e ao desmonte de políticas efetivas só vem acentuar as desigualdades e levar à miséria grupos sociais e regiões historicamente mais afetados”.

Não podemos esquecer que já no primeiro dia de governo, Bolsonaro extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), responsável por apresentar propostas e fazer o controle social na formulação, execução e monitoramento das políticas de segurança alimentar e nutricional do País. Isso sem falar nas centenas de outras medidas, que incluem a retirada de  direitos trabalhistas, que aumentaram de sobremaneira o desemprego e a miséria entre os brasileiros. Ou seja, uma ação muito bem estruturada que Bolsonaro leva à cabo, cujo resultado é o aumento da exploração da classe trabalhadora em favorecimento  aos lucros de parasitas sociais, sejam eles nacionais ou internacionais.

 

Quem são as vítimas?

 

É óbvio que ataques tão violentos contra os direitos trabalhistas e sociais  têm endereço certo: as minorias sociais e econômicas, ou seja, os setores mais oprimidos da classe trabalhadora. Como representante dos interesses do agronegócio, os cortes impostos por Bolsonaro nas políticas públicas, responsáveis por jogar milhões de brasileiros na fome, atingiram os domicílios rurais com grande ferocidade: 18,6% dessas famílias, que são as responsáveis pela produção de 70%dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira, sofrem com a fome em seu cotidiano. 

A diferença regional, salarial, de gênero e raça – todos setores que são alvos de perseguição e intensos ataques – também se vê refletida no aumento da fome, afinal, são as parcelas da sociedade que se encontram na base da pirâmide de exploração capitalista. Conforme o documento: “Em termos geográficos, 25,7% das famílias em IA grave residem na região Norte; 21,0%, no Nordeste. A IA está também diretamente relacionada a outras condições de desigualdade. A fome está presente em 43,0% das famílias com renda per capita de até 1/4 do salário mínimo, e atinge mais as famílias que têm mulheres como responsáveis e/ou aquelas em que a pessoa de referência (chefe) se denomina de cor preta ou parda”.

O estudo traduz aquilo que pode ser visto e sentido todos os dias nas ruas. A fome, a miséria e o desemprego são o retrato do Brasil de Bolsonaro – um país controlado pela extrema-direita, capachos do imperialismo, que busca entregar todas as estatais, reservas e bens naturais para garantir as elevadas taxas de lucros dos donos do capital, enquanto submete a população aos níveis mais absurdos de exploração.

Este é o debate que está na base das eleições de 2022. Por mais que sejam controladas e limitadas, pois atuam nos marcos institucionais, ou seja, não pautam uma mudança real de tomada de poder, precisam ser encaradas pela classe trabalhadora como um momento histórico ímpar. Mais quatro anos de extrema-direita e protofascismo terão resultados ainda mais desastrosos, que colocarão a existência de setores da população em risco. O que ainda resta do Estado brasileiro será totalmente desmontado.

É preciso lutar e resistir aos ataques, fazendo o debate da luta de classes e conscientização sobre o fundamental papel dos trabalhadores neste processo. Eleger governos progressistas é nossa tarefa, sem, no entanto, esquecer o debate central, que é a tomada do poder político pela classe operária. 


Topo