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Caso das Lojas Americanas desmascara a farsa da “excelência em gestão” de empresas privadas

Existem muitas propagandas falsas, por parte daqueles que defendem o Estado mínimo e a política neoliberal como forma de “excelência em gestão” de empresas privadas, para tentar convencer o povo do quão melhor seria privatizar tudo. Pois bem, na última semana, os brasileiros foram surpreendidos com a notícia de que havia um rombo de R$ 20 bilhões, escondido no balanço das Americanas S.A. No dia 11 deste mês, o papel da empresa, na Bolsa de Valores teve uma queda de 88,4%. Hoje já se sabe que o rombo chega a R$ 40 bilhões. A “bomba” que aparece no caso da Americanas não é uma exceção, mas sim a realidade da política neoliberal, que fica escondida por debaixo do tapete e que visa enriquecer ainda mais os mais ricos as custas da miséria da maioria da população. Entenda o caso:

De acordo com Luis Nassif, no site GGN, “um rombo dessa magnitude significa uma empresa quebrada. Seu destino dependerá do aporte que poderá (ou não) ser feito pelo grupo 3G Capital, cujos donos são Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, e seus sócios Marcel Telles e Beto Sicupira, sócios majoritários da Americanas.”

A crise criou um conflito público com Lemann e seus sócios, também bilionários, de um lado e, do outro, o banqueiro André Esteves, sócio do banco BTG Pactual, que emprestou ao menos R$ 1,2 bilhão à Americanas. A empresa, porém, conseguiu na Justiça uma liminar para não ter de pagar pelo empréstimo até que consiga elaborar um plano para sanar suas dívidas.

De acordo com a decisão da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que acolheu o pedido apresentado pelas Lojas Americanas, dando início ao processo de recuperação judicial, a quebra da empresa pode colapsar toda uma cadeia de produção do Brasil, afetar mais de 50 milhões de consumidores e colocar em risco dezenas de milhares de empregos.

O BTG, por sua vez, na tentativa de reverter a liminar favorável às Americanas e reaver seu bilhão, também foi à Justiça e declarou que a "inconsistência" detectada, na verdade, é uma fraude cometida por seus sócios majoritários. Segundo o BTG, Lemann, Telles e Sicupira têm juntos quase R$ 180 bilhões e podem arcar com suas dívidas imediatamente.

O juiz deu 60 dias para o grupo apresentar o plano de recuperação judicial, 48 horas para listar os credores e suspendeu todas as ações de arresto, penhora, sequestro, bloqueio, busca e apreensão relacionados aos bens das Americanas. As investigações sobre fraude ou má-fé na contabilidade das Americanas irão ocorrer em outros processos.

A decisão judicial se apega aos termos do artigo 47 da Lei 11.101/2005, que dão ao mercado mecanismos para proteger as atividades econômicas empresariais, visando garantir a manutenção da fonte produtora, os milhares de empregos diretos e indiretos e, o próprio interesse dos credores, preservando a empresa, sua função social e estimulando a atividade econômica produtiva.

No entanto, a questão social levantada por essa contabilidade criativa do grupo 3G Capital, é a de que as empresas privadas estão sujeitas a golpes e intempéries do mercado que sempre favorecem um grupo privilegiado de tubarões enquanto prejudicam milhões de peixes pequenos.

O caso Americanas nos mostra a lógica de um sistema que trabalha sempre para favorecer uma classe mais abastada e que, neste “jogo” de acumulação de capital por parte da burguesia, não existem regras. A única regra é lucrar acima de tudo, mesmo que seja às custas de fraudes e destruição de concorrentes, empregos e fontes produtoras. Essa mesma lógica comanda os processos de privatização de estatais produtivas, lucrativas e que oferecem serviços essenciais à população.

 

Foto: Divulgação | REUTERS/Ueslei Marcelino


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