Na segunda-feira (06/03), o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), foi recebido pelo presidente Lula para apresentar explicações sobre as acusações de malversação do dinheiro público. As acusações estão baseadas em notícias do Estadão, que mostraram que, em janeiro, o ministro recebeu diárias do governo e usou jato da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar à São Paulo, onde a maior parte da agenda foi destinada para tratar de questões pessoais, como participar de leilão de cavalos de raça.
Desde sua indicação para ocupar o Ministério da Comunicações, a situação de Juscelino não é nada boa. Quando deputado federal na Câmara, ele também foi alvo de acusação sobre a destinação de 7,5 milhões em emendas parlamentares para a prefeitura de Vitorino Freire (MA), comandada por sua irmã. A maior parte desse valor, 5 milhões, teria sido usada para pavimentação de 19 km da estrada que circunda cerca de 8 fazendas de propriedade de sua família. A indicação do ministro também não agradou os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, hoje base do Ministério comandado por Juscelino Filho, uma vez que, como deputado, Juscelino votou a favor do Projeto de Lei de privatização dos Correios (PL 591). Sua indicação para Ministro das Comunicações foi uma tentativa do governo federal de trazer o União Brasil para a sua base no Congresso Nacional, em busca de apoio para uma certa governabilidade.
Depois da conversa com o presidente Lula, Juscelino foi mantido no cargo, o que permite ao União Brasil continuar a negociar seus interesses junto ao governo. O fato gerou intensa campanha da imprensa burguesa que aproveita todas as brechas para atacar o governo Lula. Mesmo continuando no cargo, a Comissão de Ética Pública, que investiga desvios éticos de ministros, irá analisar as denúncias, em 28 de março. Para os trabalhadores, é importante entender o que está em jogo na atual composição do governo e de que lado está a política do União Brasil, que defende um estado liberal e a privatização de todas as Estatais.
O acordo da Frente Ampla, que permitiu a eleição de Lula, cobra seu preço e pressiona o governo para a aplicação das políticas neoliberais. Cabe às organizações sindicais, centrais e movimentos populares denunciarem essa situação e organizar os trabalhadores para impedir que essa pressão ao governo garanta à burguesia a manutenção dos ataques contra o povo. A luta contra a política fascista e neoliberal não acabou e precisamos estar organizados para defender nossos direitos e empregos.
Foto: José Cruz/Agência Brasil