Um dos centros artísticos de maior valor histórico de Brasília, mais antigo que a própria cidade, está prestes a ser privatizado, com data marcada para ser leiloado no final de setembro deste ano. Atualmente, com dívidas que somam quase R$300 mil por falta de apoio e patrocínio, o espaço, projetado por Oscar Niemeyer e com 480 cadeiras desenhadas pelo arquiteto e por Sérgio Rodrigues, designer reconhecido internacionalmente, está hoje sem luzes; é preciso usar lanternas para frequentá-lo
Localizado no Conic, o centro comercial e cultural considerado o setor de diversões Sul e o coração do Plano Piloto da capital federal, o espaço guarda 70 anos da história do teatro nacional. Até então, o prédio tombado do Teatro Dulcina de Moraes e a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes são mantidos pela Fundação Brasileira de Teatro.
A cultura não é valorizada pela maioria dos governantes do país e em Brasília não é diferente. Exemplo disso é o espaço do Teatro Nacional estar fechado desde 2014 e agora a ameaça de leilão do Teatro e da Faculdade Dulcina. O financiamento para o apoio à cultura é baixo e de difícil negociação. No governo Bolsonaro, a pandemia, as fakes News da Lei Rouanet, em conjunto com os 211 casos de censura, segundo o levantamento realizado pelo Movimento Brasileiro Integrado pela Liberdade de Expressão Artísticas, influenciaram para a baixa adesão de público em todo país. No DF, o Governador bolsonarista Ibaneis Rocha (MDB) segue com a mesma política de não tratar a cultura como prioridade.
Em arte não há milagre. Artistas precisam de apoio público e locais apropriados para realizar muitos estudos e ensaios. Quando um espaço como esse se fecha, inúmeras oportunidades também se vão. O movimento cultural é uma das maiores formas de conscientização da população, como evidencia a luta e a presença artística na luta de resistência contra a ditadura militar no Brasil. Destruir a cultura popular é um projeto dos governos de extrema-direita que temem o movimento cultural e sabem a força que este tem em toda sociedade. Todo nosso apoio ao Teatro e a Faculdade Dulcina!