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Agressões e violência em UPAS e Unidades Básicas de Saúde

Nos últimos meses, merecem destaque os casos de agressões contra servidores das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) em Belo Horizonte, capital mineira.

Em um dos casos, o paciente brigou em decorrência da demora na espera por uma consulta especializada (tomografia). Sua queixa era de que desde o início da pandemia estaria na fila, aguardando o atendimento. Enfurecido, agrediu fisicamente o profissional da recepção. Na mesma unidade, outra agressão ocorreu devido a demora do atendimento na sala de vacina. Profissionais exclusivos para sala de vacinas haviam sido contratados, mas, quando houve, em todo o estado, uma inexplicável alta da demanda relacionada a problemas respiratórios em idosos e crianças, com muitos casos de pneumonia e bronquiolite fora do período sazonal, os profissionais da vacina haviam sido demitidos. Trata-se de uma decisão administrativa que desconsiderou o momento frágil da saúde dessas faixas etárias, da necessidade de aplicação da vacina bivalente e com doenças como meningite e gripe em  alta. Com uma única pessoa responsável pela sala de vacina, o profissional precisa fechar a porta para fazer seu trabalho sem ocorrência de erros. Isso faz com que o serviço de vacinação seja demorado, causando desconforto e descontentamento entre os que aguardam atendimento.

Já no Centro de Saúde Minas Caixa, a agressão ocorreu ao atendente devido a demora no eletrocardiograma (exame especializado), um tipo de exame prejudicado pelo sucateamento do sistema, que mantém máquinas ultrapassadas e em número insuficiente.

A falta de uma boa estrutura e de profissionais em número suficiente trazem sobrecarga de trabalho e geram tensões entre usuários negligenciados e funcionários. A não participação da população nas tomadas de decisões sobre a organização dos serviços públicos não permite que ela compreenda onde está o problema. E os servidores que estão na ponta do atendimento, justamente os que têm as condições de trabalho mais precárias, tornam-se alvos da insatisfação e acabam sendo agredidos.

O sucateamento do SUS é parte de uma política deliberada para justificar, diante da população, a privatização dos serviços de Saúde. No Brasil, há uma baixa proporção de profissionais de enfermagem (enfermeiros, auxiliares e técnicos) em relação  ao aumento da população.

A insatisfação  dos usuários, até que chegue às  vias de fato, expõe os profissionais da ponta a vários tipos de ameaças, causando adoecimento e um grande índice de absenteísmo por depressão e medo. Assim, o número de profissionais, que já é reduzido, diminui e faz aumentar o problema.

Sucateamento, equipamentos obsoletos, demanda alta, falta de recursos, sobrecarga de trabalho, falta de treinamento adequado, falta do número  efetivo de funcionários são fatores que facilitam a ocorrência de conflitos. No entanto, as gestões das unidades não protegem nem apoiam os servidores agredidos e praticam assédio moral em reuniões com críticas duras aos funcionários. Essa falta de acolhimento, aliada à ausência de cuidados com sua saúde, como atendimento psicológico e de assistência social, tem agravado o quadro de adoecimento da categoria.

Os profissionais da Saúde precisam de valorização salarial, jornadas reduzidas e condições de trabalho que garantam sua saúde física e mental. É preciso debater esse problema com a população, que tem direito ao serviço público de qualidade e, por isso, deve entender que a luta dos profissionais da Saúde é também uma luta de todos.

 

Foto: Henrique Coelho/BHAZ


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