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Extrema direita ataca professores

O discurso do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL/SP), em que comparou professores a traficantes, ganhou grande repercussão entre a parte da sociedade que defende a Educação Pública. O fato ocorreu no dia 9 de julho, um domingo, em um ato pró-armamento em Brasília. Segundo o deputado, “não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime”.

Esse discurso de ódio contra uma categoria de trabalhadores já muito ´penalizada pelas péssimas condições de trabalho, proferido por uma figura com cargo político, em um evento armamentista, nada mais é do que outra tentativa de instaurar o caos civilizacional, uma das táticas da extrema direita para tomar o poder. Após a derrota nas eleições presidenciais, desde os acampamentos nos quarteis até o 8 de janeiro, os bolsonaristas não desistem dessa tentativa de instaurar o caos e, de algum modo, manter sua hegemonia política no campo da extrema direita.

Esse discurso contra uma suposta doutrinação ideológica de esquerda na educação não é novidade na extrema direita, haja vista as tentativas de aprovar a Lei da Mordaça nas escolas. Vale lembrar que em 2018, a campanha eleitoral dos bolsonaristas disseminava fake news de que o governo do PT distribuía “kit gay” nas escolas e, no ano passado, as mentiras se referiam à criação de banheiros unissex nas escolas.

A fala do deputado, acusado de vários atos ilícitos, gerou mais um processo contra ele. No entanto, é preciso atentar que esse novo “escândalo” surgiu em um momento de ruptura do Bolsonaro com o próprio bolsonarismo, na mesma semana em que o ex-presidente enfrentou uma derrota acachapante no Congresso Nacional, com a aprovação da Reforma Tributária. O agora inelegível ex-presidente está perdendo seu capital político entre seus antigos aliados. Sem o cargo mais importante do executivo brasileiro e com uma postura que desagrada a própria direita, Jair Bolsonaro não precisa mais ser tolerado e está sentindo a tensão, como ficou demonstrado na reunião da bancada de seu partido, o PL, após a aprovação da Reforma Tributária, em que teve uma discussão acalorada com o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, seu ainda aliado.

Toda a campanha eleitoral de Eduardo Bolsonaro se baseia na figura de seu pai e a queda do capital político de Jair Bolsonaro deixa o clã bolsonarista apreensivo, até mesmo pela iminente possibilidade de seu pai ser preso e isso se estender a toda a família.

Quando o deputado sobe em um palanque e profere um discurso violento, que coloca um alvo nas costas dos professores para que sejam atacados por fascistas, ele está lembrando ao seu nicho da direita que é, de fato, um candidato ‘natural’ a substituir seu paí, já que ainda pode ser eleito.

O papel histórico do fascismo é tentar alterar, pela força e a violência, as condições de reprodução do capital em favor dos grupos decisivos do capitalismo em crise. A geopolítica em transformação pode ser favorável ao governo Lula e suas reformas, mas a burguesia ligada ao imperialismo não se sente segura para abrir mão, de vez, dos extremismos bolsonaristas. Tais atitudes extremistas não devem ser ignoradas e o discurso de ódio, que tem alvos certos (mulheres, servidores públicos, negros e comunidade LGBTQIA+), deve ser combatido nas lutas dos trabalhadores.


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