A estratégia colonialista que busca “desumanizar”, converter e expropriar terras alheias (nações inteiras de humanos) ao redor do mundo é antiga, remontando a era moderna, a colonização da América pelos europeus e a desumanização dos africanos pelo tráfico de escravizados. Essa lógica continua viva e operando ainda mais visceralmente na atualidade.
A situação em que está submetido o povo palestino levanta o debate sobre o conceito de violência, pois o termo, historicamente, tem dois pesos e duas medidas. O colono que invade, mata, restringe, e expropria não tem recebido a chancela de violento na mesma proporção que o colonizado. Ao contrário. É justamente quanto este se levanta que provoca reações indignadas das nações imperialistas. Contudo, essa contraviolência nada mais é do que resistência ao massacre cotidiano. E de fato, nenhuma palavra que não seja “massacre” pode nomear o que ocorre com os Palestinos – falar de “guerra” quando um dos lados sequer possui um exército é, no mínimo, insano.
A narrativa e companha contra os oprimidos faz parte do modus operandi. No caso da Palestina, a imprensa burguesa faz com primazia o seu trabalho: impulsiona o sentimento de que o mundo está do lado de Israel. Apesar disso, a fúria daqueles que exigem seu território, sua nacionalidade e respeito às suas crenças e costumes está escancarando para o mundo, novamente, o quanto é violenta e histórica a invasão israelense ao território palestino, violência esta que é sistematicamente ignorada.
Para que o atual modo de exploração não sofra um verdadeiro abalo em suas estruturas de funcionamento, o sistema capitalista, através dos países imperialistas interessados na exploração territorial, engrossa suas práticas de verdadeira violência contra os povos a serem explorados, com financiamento, armas, soldados, tortura etc. Importante frisar que uma das formas que o capital possui para manter sua reprodução desenfreada são as chamadas guerras localizadas. Este tipo de conflito se manifestou, desde o final da Segunda Guerra, na intervenção dos Estados Unidos e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) a outros países. Além dos ataques militares, as sanções comerciais, culturais e de repressão são mecanismos de opressão utilizados, que se desdobram numa destruição massiva de bens e vidas para que, assim, os donos do dinheiro tenham novamente onde investir, além de acesso à matéria prima, mão de obra barata no país em crise pós-guerra e, também, posições geográficas estratégicas nos conflitos geopolíticos maiores.
Temos o dever de defender incondicionalmente o povo palestino. Sua libertação da política colonialista representa uma vitória e um estalo para os povos que ainda estão submetidos a essa política. A verdade é que a descolonização sempre será violenta, assim como a colonização na qual a Palestina está submetida desde 1967, quando Israel ocupou territórios palestinos.
“A imobilidade a que está condenado o colonizado só pode ter fim se o colonizado se dispuser a pôr limite à história da colonização, à história da pilhagem, para criar a história da nação, a história da descolonização.”
- Frantz Fanon, Os Condenados da Terra