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Preço da carne bovina tem a maior queda em 29 anos

O consumo de carne bovina está se tornando mais acessível para os brasileiros. Espera-se que este ano termine com a maior queda de preços observada nos últimos 29 anos, com uma redução prevista de mais de 10% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o preço das carnes já registraram deflação de 11,06% no acumulado de 12 meses,. Projeções do Santander Brasil apontam que a redução deve alcançar 11,35% até dezembro. A LCA Consultores prevê uma deflação de 10,75% para o mesmo período. No entanto, mesmo com essa diminuição anual, não é suficiente para compensar completamente o aumento significativo dos preços das carnes nos últimos anos de governos de direita.

A questão do preço da carne foi mote da campanha de Luís Inácio Lula da Silva em 2022 por razões de uma mudança na realidade dos hábitos alimentares da população durantes os governos do PT, de 2003 a 2016. Em 1995, o governo FHC festejava o aumento do consumo de frango entre o povo. Fato que explicita a dificuldade da população no acesso ao consumo de carne.  Já no primeiro governo Lula, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2006 houve recorde de consumo de carne bovina de 42,8 quilos por habitante e isso se deve ao preços reduzidos.  A expansão do consumo das famílias nos governos do PT foi resultado da política econômica de crescimento com inclusão social adotada por Lula, que incluía fatores como crescimento econômico, expansão do crédito, geração de empregos formais, aumento dos salários, câmbio valorizado e inflação controlada.

No ano de 2019, os preços das carnes subiram em 32,4% no IPCA, e essa pressão persistiu nos primeiros anos da pandemia, levando a um aumento nos custos de produção e resultando em um aumento da inflação do alimento para 17,97% em 2020 e 8,45% em 2021. A inflação  bateu recordes no governo de Jair Bolsonaro. O consumo de carne caiu para 26,5 quilos por habitante ao ano, um recuo de 40% na comparação com 2006. Importante ressaltar que a redução do consumo não aconteceu apenas com relação à carne bovina e o Brasil voltou ao mapa da fome no governo anterior, que deixou uma herança de 116 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Em 2021, 85% dos brasileiros deixou de consumir algum alimento.

Os preços da carne de boi subiram nos anos do desgoverno Bolsonaro como resultado da política de priorizar as exportações, com forte demanda da China, e de restringir a oferta de gado no país. As reduções salariais e os recordes de desemprego colaboraram para a redução do consumo. Especialistas afirmam que a atual redução nos preços está associada à ampliação da oferta no mercado nacional, com um abate de bovinos de 8,36 milhões de cabeças no segundo trimestre, representando um aumento de 12,6% em comparação com o mesmo período de 2022 e de 13,4% em relação ao primeiro trimestre deste ano, de acordo com o IBGE.

Estes preços têm mostrado uma redução mensal no IPCA desde janeiro de 2023, com nove meses consecutivos de deflação, sendo que em setembro a diminuição foi de 2,1%, e espera-se uma nova redução em outubro. O IPCA monitora o custo de 18 tipos de carne e, até setembro, 17 desses cortes experimentaram redução de preços ao longo de um ano. As diminuições mais notáveis foram observadas no fígado (-15,83%), no filé-mignon (-15,52%) e na capa de filé (-14,9%). Para economistas ligados ao mercado financeiro, o aumento na oferta deve-se aos investimentos realizados no setor a partir do segundo semestre de 2019, que  resultaram em redução dos custos de produção e aumento da capacidade produtiva. 

O presidente Lula tem reforçado em seus discursos voltados ao setor agropecuário que seu governo busca o equilíbrio entre a produção agrícola e a de commodities, e entre o pequeno e o grande produtor, reforçando que as atividades são igualmente importantes para o desenvolvimento do País. No entanto, na prática, o agronegócio e seu poder político junto à bancada do boi no Congresso Nacional ainda tem grande força de pressão sobre o governo. Sendo assim, o país ainda é refém dos grupos que lucram com exportação de commodities e os preços da carne estão sob controle dos interesses políticos e econômicos desses grupos.  

Assim, apesar de importante, a queda no preço base dos alimentos não é um caminho em si mesmo. Conforme argumenta o professor Vladimir Pomar, o único caminho consistente para a erradicação da fome no Brasil é ter emprego e renda para toda a população em idade ativa. E a reindustrialização será decisiva para viabilizar essa necessária reviravolta no mercado de trabalho. Enquanto a vida do povo melhora, com aumento da taxa de emprego e melhoria no consumo de alimentos, é preciso organizar a luta pela modernização do país via industrialização.
 


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