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Resumo do Manifesto do Partido Comunista

Apresentaremos a seguir o resumo do Manifesto do Partido Comunista, obra fundamental para todo mundo que se interesse pelo Marxismo e pela luta revolucionária. A obra de Karl Marx serviu como base para a Liga dos Comunistas, partido político que foi dirigido por esse grande teórico e é uma referência para todas as organizações que reivindicam seu legado até os dias atuais.

Parte I

O Manifesto começa com uma breve introdução. “Um espectro ronda a Europa - oespectro do comunismo”, afirma, em referência ao temor de todos os setores burgueses, clérigo e monarquias que combatiam o comunismo, tanto fisicamente, como com campanhas de mentiras contra o movimento que luta pela libertação da proletariado.

Diante disso, se propõe:

“Já é tempo de os comunistas exporem abertamente, ao mundo inteiro, seu modo de ver, seus objetivos, suas tendências, opondo à lenda do espectro do comunismo um manifesto do próprio partido.”

Capítulo I

Burgueses e proletários

“A história de toda sociedade até hoje é a história de lutas de classes”. Da Roma Antiga, até a Idade Média e agora com a dominação da burguesia, a sociedade sempre foi dividida em classes que lutavam e lutam entre si, ora abertamente, ora disfarçadamente, levando, ao fim, à derrocada do antigo regime por um novo. Na moderna sociedade burguesa, o antagonismo de classe não acabou, “Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta em lugar das antigas”, mas agora de forma mais simplificada, toda sociedade vai se dividindo entre burguesia e proletariado.

A sociedade feudal viu nascer dentro de si a força que iria a destruir. Através das grandes navegações, que chegaram à América, à Índia e à China, e a industrialização, se fortaleceu a burguesia e o surgimento da classe proletária. Do processo de produção corporativo, surgiram as máquinas a vapor e a indústria moderna, dominada por milionários, os burgueses modernos. O aumento da capacidade produtiva impôs a necessidade da criação de um mercado mundial, com o avanço das navegações, do comércio, das comunicações e das ferrovias. Tudo isso, fez com que a burguesia começasse a crescer e suprimir as antigas classes feudais.

Todo esse desenvolvimento econômico, levou a grandes mudanças políticas, diminuindo o poder dos senhores feudais e da monarquia até o ponto do surgimento do Estado moderno, representativo. “O poder político do Estado moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa.” O que representou um papel revolucionário desta classe, que conseguiu suprimir o antigo regime. Nisso, conseguiu substituir a dominação baseada na religiosidade pela exploração aberta e suprimiu todos os direitos até então conquistados em nome da liberdade de comércio. Até mesmo atividades como a do médico e do advogado foram transformadas em trabalho assalariado. Até as relações familiares passaram a ser relações monetárias.

Texto na íntegra: https://lutapelosocialismo.org.br/898/o-manifesto-do-partido-comunista-1-parte 

Parte II

Enquanto as classes anteriores dependiam da conservação do modo de produção existente, a burguesia, ao contrário, revoluciona constantemente os instrumentos e relações de produção. Isso leva a uma constante instabilidade e mudança nas relações sociais, marcando uma época distinta das precedentes. As conquistas da burguesia, como avanços tecnológicos e comerciais, são muito superiores às realizações de épocas anteriores, como as pirâmides egípcias e as catedrais góticas. “Tudo o que é sólido e estável se volatiliza, tudo o que é sagrado é profanado”.

Neste processo, a burguesia precisa se expandir continuamente, até a dominação total do mundo. Aonde quer que chegue, as antigas indústrias nacionais são destruídas pela chegada de novas e mais sofisticadas, usando, no lugar das matérias primas nacionais, materiais vindo de todo o mundo e seus produtos, igualmente, não ficam mais apenas no país em que é produzido, criando assim uma interdependência entre os países. Mesmo no campo intelectual, houve uma universalização. O baixo preço das mercadorias produzidas por essa indústria global é o que derruba qualquer fronteira, impondo-se onde quer que chegue.

A dominação burguesa impôs a dominação do campo pela cidade, criando grandes centros urbanos, onde agora se concentra maior parte da população, para servir à indústria, de forma centralizada, tanto na economia como na política. Ao mesmo tempo que a concentração das propriedades se concentra nas mãos de poucos, o governo dos países suprime as independências políticas locais.

Neste processo de desenvolvimento da burguesia, a estrutura econômica e social do feudalismo precisavam ser destruídas e isso foi feito. Do mesmo modo, dentro da moderna sociedade burguesa se prepara a sua própria superação. “Há mais de uma década a história da indústria e do comércio não é senão a história da revolta das forças produtivas modernas contra as modernas relações de produção, contra as relações de propriedade que são a condição de existência da burguesia e de seu domínio”. As crises comerciais, que ocorrem periodicamente, ameaçam a existência da sociedade burguesa ao destruir produtos e forças produtivas em excesso. As forças produtivas superam as relações de propriedade burguesas, colocando em perigo sua existência.

leia o texto na íntegra: https://lutapelosocialismo.org.br/899/o-manifesto-do-partido-comunista-2-parte 

Parte III

“E de que modo a burguesia vence tais crises? De um lado, através da destruição forçada de uma massa de forças produtivas; de outro, através da conquista de novos mercados e da exploração mais intensa dos antigos. De que modo, portanto? Mediante a preparação de crises mais gerais e mais violentas e a diminuição dos meios de evitá-las.”

As mesmas armas que a burguesia usou para derrubar o feudalismo agora se voltam contra ela. Agora  ela sofre do mesmo problema que o feudalismo: abriu espaço para que sua destruição aconteça, criando a classe detentora desta capacidade, ou seja, o proletariado, que se desenvolve na mesma medida que a própria burguesia. Esses trabalhadores são tratados como mercadorias e estão sujeitos às flutuações do mercado. Com o desenvolvimento da maquinaria e da divisão do trabalho, o trabalho dos proletários perde sua independência e atratividade.

Leia na íntegra em: https://lutapelosocialismo.org.br/906/o-manifesto-do-partido-comunista-3-parte 

Parte IV

Os operários são transformados em acessórios da máquina e a eles só é pago o mínimo necessário para sua subsistência e sua reprodução. À medida que a indústria se desenvolve, o trabalho, em si, diminui e o salário também, enquanto a carga de trabalho, em produtividade e em tempo, é aumentada.

As massas de trabalhadores dentro das grandes fábricas são organizadas de forma militar, com uma hierarquia completa de vigilância sobre os “soldados” trabalhadores. “Não são apenas servos da classe burguesa, do Estado burguês, mas são também, a cada dia e a cada hora, escravizados pela máquina, pelo capataz e sobretudo pelo singular burguês fabricante em pessoa.”

Quanto mais simples se torna o trabalho, mais os homens são substituídos por mulheres e crianças, mostrando que para os capitalistas, diferenças de sexo e idade não importam, pois são todos instrumentos de trabalho. Mesmo após receber seu salário, o operário continua sendo explorado por outras partes da burguesia, por meio de contas e compras básicas que precisa pagar.

As pequenas camadas médias, como pequenos industriais e comerciantes, estão sendo absorvidas pelo proletariado devido à sua incapacidade de competir com os grandes capitalistas e à desvalorização de suas habilidades pelos métodos de produção modernos.

O proletariado passa por diferentes estágios de desenvolvimento, começando com lutas individuais de trabalhadores contra seus empregadores e progredindo para coalizões e revoltas à medida que os interesses e as condições de vida dentro da classe se igualam devido à industrialização. A união dos trabalhadores é facilitada pelo aumento dos meios de comunicação, levando à formação de uma luta nacional de classes.

“De tempos em tempos os operários triunfam, mas é um triunfo efêmero.”

A organização dos proletários em um partido político é constantemente desafiada pela concorrência interna, mas continua a se fortalecer, aproveitando-se das divisões na burguesia para garantir certos direitos trabalhistas por meio da legislação. Um exemplo disso é a lei das dez horas de trabalho na Inglaterra, demonstrando como a luta dos trabalhadores se transforma em um movimento político visando proteger seus interesses frente aos da burguesia. Essa evolução reflete a transformação do proletariado de uma massa dispersa e explorada para uma força organizada e politicamente ativa, representando uma mudança fundamental nas relações de poder entre a classe trabalhadora e a burguesia.

Parte V

“Em geral, as colisões da velha sociedade favorecem de diversas maneiras o desenvolvimento do proletariado.”

A burguesia está em constante luta, primeiro contra a aristocracia, depois entre seus diversos setores e contra a burguesia de outros países. Nesse processo, a burguesia procura sempre seu apoio no proletariado, para isso, educa-o politicamente e, assim, serve armas contra si mesma. Os setores derrotados são empurrados para a classe proletária, composta de membros educados que ajudam na organização do proletariado para a luta. Além disso, assim como parte da aristocracia passou para o lado da burguesia na hora da ruína do antigo regime, elementos da burguesia também se unem ao proletariado nos momentos em que a luta de classes se aproxima do momento decisivo.

“De todas as classes que hoje se opõem à burguesia, apenas o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária. As demais classes vão-se arruinando e por fim desaparecem com a grande indústria; o proletariado é o seu produto mais autêntico.”

As camadas médias, incluindo pequenos industriais, comerciantes, artesãos e camponeses, lutam contra a burguesia apenas para preservar sua própria existência. São, portanto, conservadoras e até reacionárias, buscando manter o status quo e resistindo à mudança. Quando se tornam revolucionárias, é geralmente porque estão prestes a se tornar parte do proletariado, defendendo seus interesses futuros em detrimento dos presentes. O lumpemproletariado, formado pelos estratos mais baixos da sociedade, tende a ser passivo e pode ser influenciado por movimentos reacionários, embora em algumas ocasiões possa ser arrastado para o movimento revolucionário proletário. No entanto, suas condições de vida o tornam mais suscetível a ser manipulado por forças reacionárias.

O proletariado em nada vive como na velha sociedade, não possui propriedade, as relações familiares são diferentes e a exploração que se dá da mesma forma em todos os países, retira-o também qualquer caráter nacional. Todas as classes que chegaram ao poder, subjugaram outras classes para se estabelecer. Mas o proletariado, que não possui nada a conservar, só poderá chegar ao poder destruindo toda forma de propriedade, destruindo toda segurança e direito privado existente.

“Todos os movimentos precedentes foram movimentos de minorias ou no interesse de minorias. O movimento proletário é o movimento independente da imensa maioria no interesse da imensa maioria.”

Inicialmente, a luta se deve se dar dentro dos países, na luta do proletariado contra a burguesia nacional, até que a luta se transforme em uma guerra civil até uma revolução aberta que leve à queda da burguesia.

Toda sociedade deve garantir à classe subjugada que ela tenha a sua condição de existência e até o absolutismo, era possível que as classes se tornassem cada vez mais prósperas, como ocorreu com a burguesia, até que ela tomasse o poder. No capitalismo, no entanto, enquanto a burguesia concentra cada vez mais renda, o proletariado se vê cada vez mais relegado à pobreza. Isso faz com que a nova classe dominante se torne incapaz de continuar a dominar seus escravos, por não garantir o mínimo das condições de vida deles. “A sociedade não pode mais existir sob sua dominação, quer dizer, a existência da burguesia não é mais compatível com a sociedade.”

A burguesia possui uma posição passiva dentro da sociedade, dependendo totalmente da classe trabalhadora, a qual, coloca em concorrência entre os próprios trabalhadores por um emprego. Mas este mesmo processo, leva à associação revolucionária do proletariado. “A burguesia produz, acima de tudo, seus próprios coveiros. Seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis”.

Leia na íntegra em: https://lutapelosocialismo.org.br/930/o-manifesto-do-partido-comunista-5-parte 

Parte VI

Capítulo II

Proletários e Comunistas

“Qual a relação dos comunistas com os proletários em geral?”

Os comunistas não são um partido separado dos outros partidos operários, pois não temos interesses distintos do conjunto do proletariado. A principal diferença reside em destacar os interesses comuns de todo o proletariado nas lutas nacionais e representar os interesses do movimento proletário como um todo durante as diferentes fases de sua luta contra a burguesia. Enquanto todos objetivam a constituição do proletariado como classe e a derrubada da dominação burguesa, os comunistas, como vantagem teórica, refletem as condições reais da luta de classes e do movimento histórico em curso.

Portanto, os comunistas não propõem princípios sectários, mas sim expressam os interesses e as condições reais do movimento proletário. Suas teorias não foram baseadas em ideais inventados por um “reformulador do mundo”. Sua ênfase está na unificação dos interesses do proletariado em meio às lutas nacionais e na luta pela abolição da propriedade burguesa como forma de alcançar a verdadeira liberdade e independência para a classe trabalhadora.

Os comunistas não buscam a abolição da propriedade em geral, de conquista pessoal, do pequeno burguês ou pequeno agricultor, mas especificamente da propriedade burguesa, que é a última expressão da exploração de classe. A propriedade privada é a base das desigualdades e exploração na sociedade capitalista. A própria burguesia já está destruindo todas as formas antigas de propriedade.

“Ou falais da moderna propriedade privada burguesa?”

O trabalho assalariado não permite que o proletário tenha propriedades. O que ele produz é capital que é acumulado nas mãos do capitalista, que só o consegue através da exploração de cada vez mais mão de obra. Isso não ocorre apenas de forma pessoal, mas de forma coletiva, ou seja, só pode ocorrer com a atividade de todos os membros da sociedade. O capital, portanto, não é uma potência pessoal; é uma potência social.

“Assim, se o capital é transformado em propriedade comum pertencente a todos os membros da sociedade, não é uma propriedade pessoal que se transforma em propriedade social” e por isso perde o caráter de classe.

“Passemos ao trabalho assalariado”

O preço médio dos salários é o mínimo necessário para a subsistência do trabalhador, garantindo apenas sua existência miserável. O objetivo não é abolir a apropriação pessoal dos produtos do trabalho necessários para a vida imediata, mas sim eliminar sua natureza miserável, que subjuga o trabalhador ao interesse da classe dominante. Enquanto na sociedade burguesa o trabalho vivo serve apenas para aumentar o trabalho acumulado, na sociedade comunista, o trabalho acumulado é direcionado para melhorar a vida do trabalhador. Enquanto na sociedade burguesa o capital é independente e pessoal, na sociedade comunista o presente domina sobre o passado, buscando a supressão das relações burguesas de produção.

A burguesia chama essa supressão como uma ameaça à liberdade do burguês. No entanto, na sociedade atual, a propriedade privada já está abolida para 90% da população, enquanto persiste apenas para pequena parcela da sociedade. Portanto, o desejo é abolir a propriedade da burguesia, que mantém a maioria sem propriedade.

“Horrorizai-vos porque queremos abolir a propriedade privada. Mas em vossa atual sociedade a propriedade privada já está abolida para nove décimos de seus membros; ela existe precisamente porque não existe para esses nove décimos. Censurai-nos, portanto, por querermos abolir uma propriedade cuja condição necessária é a ausência de toda e qualquer propriedade para a imensa maioria da sociedade.”

Leia na íntegra em: https://lutapelosocialismo.org.br/947/o-manifesto-do-partido-comunista-6-parte 

Parte VII

A partir do momento em que a propriedade pessoal não puder mais se transformar em capital, o indivíduo (entende-se indivíduo apenas como o burguês) será abolido. No comunismo, as pessoas não serão proibidas de ter produtos sociais, mas elas não poderão mais usar do acúmulo desses produtos para a dominação do trabalho alheio.

Ao contrário do que se afirma, isso não levará à paralisação de todas as atividades e a uma preguiça geral. “Se assim fosse, a sociedade burguesa teria há muito tempo perecido de indolência, pois nela os que trabalham não ganham e os que ganham não trabalham.” Essa afirmação absurda também se estende à produção intelectual, mas o que será abolido não é a cultura em geral, mas a cultura de classe, que no capitalismo serve apenas à dominação de classe.

Sobre a abolição da família, tão alardeada como um absurdo dos comunistas, se trata apenas do fim da família burguesa, fundada sobre o capital. Pois apenas a burguesia é autorizada a ter uma família plenamente constituída. O objetivo é, portanto, acabar com a exploração das crianças pelos pais e instituir uma educação social, livre de influência da classe dominante, em detrimento da educação doméstica.

“A fraseologia burguesa sobre a família e a educação, sobre os afetuosos vínculos entre criança e pais, torna-se tanto mais repugnante quanto mais a grande indústria rompe todos os laços familiares dos proletários e transforma suas crianças em simples artigos de comércio e em simples instrumentos de trabalho.”

O burguês, que vê até sua própria esposa como propriedade, imagina que o comunismo tornará a mulher de uso comum, como a propriedade capitalista. Mas nossa posição é justamente de libertar a mulher da posição de instrumento de produção. “De resto, é evidente que com a abolição das atuais relações de produção desaparecerá também a comunidade das mulheres que deriva dessas relações, ou seja, a prostituição oficial e não oficial.”

Os comunistas são criticados por supostamente quererem abolir a pátria e a nacionalidade, mas os trabalhadores não possuem uma pátria. Embora devam conquistar o poder político e se elevar como classe dominante nacional, sua ideia de nacionalidade difere da concepção burguesa. Com o desenvolvimento da burguesia, as divisões nacionais entre os povos diminuem, o que se intensificará sob o controle do proletariado. E à medida que a exploração entre indivíduos e nações é abolida, desaparecem os antagonismos dentro e entre as nações.

Leia na íntegra em: https://lutapelosocialismo.org.br/953/o-manifesto-do-partido-comunista-7-parte 

Parte VIII

Não é preciso discutir a fundo as objeções religiosas, filosóficas e ideológicas em geral feitas contra o comunismo. “O que demonstra a história das ideias senão que a produção intelectual se transforma com a produção material? As ideias dominantes de uma época sempre foram apenas as ideias da classe dominante”. Dentro da antiga sociedade sempre surgem elementos de uma nova sociedade e a ruína da sociedade antiga é acompanhada da ruína das ideias antigas.

A burguesia acusa o comunismo de querer destruir aquilo que considera como verdades eternas, como a liberdade, e justiça. A história da sociedade tem sido caracterizada por antagonismos de classe, que mudaram ao longo do tempo. No entanto, a exploração de uma parte da sociedade por outra tem sido uma constante em todos os períodos históricos. Portanto, não é surpreendente que a consciência social, apesar de sua diversidade, sempre tenha seguido certos padrões comuns, os quais só desaparecerão completamente com o fim dos antagonismos de classe. A revolução comunista representa a ruptura mais radical com as relações de propriedade tradicionais, e é natural que, durante seu desenvolvimento, ela desafie de forma extrema as ideias tradicionais.

“Mas deixemos de lado as objeções da burguesia ao comunismo.”

Partindo da conclusão de que o primeiro passo para a revolução proletária é tornar essa classe oprimida em dominante, a verdadeira democracia. Deste modo, ela poderá tomar pouco a pouco toda a propriedade capitalista e centralizar toda a produção nas mãos do estado. Isso será feito de forma despótica dos capitais e das relações de produção burguesas, o que parecerá insuficiente e insustentável no início, mas que rapidamente se tornaram inevitáveis para a revolução. Isto ocorrerá conforme as particularidades de cada país.

“Contudo, nos países mais avançados, as seguintes medidas poderão geralmente ser aplicadas:

1.    Expropriação da propriedade fundiária e emprego da renda e da terra nas despesas do Estado;

2.    Imposto fortemente progressivo;

3.    Abolição do direito de herança;

4.    Confisco da propriedade de todos os emigrados e rebeldes;

5.    Centralização do crédito nas mãos do Estado, por meio de um banco nacional com capital do Estado e monopólio exclusivo;

6.    Centralização dos meios de transporte nas mãos do Estado;

7.    Multiplicação das fábricas nacionais e dos instrumentos de produção; cultivo e melhoramento das terras segundo um plano comum;

8.    Trabalho obrigatório igual para todos; constituição de exércitos industriais, especialmente para a agricultura;

9.    Unificação dos serviços agrícola e industrial; medidas tendentes a eliminar gradualmente as diferenças entre cidade e campo;

10.    Educação pública e gratuita de todas as crianças em sua forma atual. Combinação da educação com a produção material, etc.”

Quando as diferenças de classe desaparecerem e a produção for controlada coletivamente, o poder público perderá seu caráter político, pois a política é a organização para a opressão de uma classe por outra. Se o proletariado se organiza como classe na luta contra a burguesia e se torna a classe dominante por meio de uma revolução, elimina os antagonismos de classe e sua própria dominação. Assim, em vez da sociedade burguesa com suas classes e antagonismos, surge uma associação onde o desenvolvimento de cada indivíduo é crucial para o desenvolvimento de todos.

Leia a íntegra em: https://lutapelosocialismo.org.br/988/o-manifesto-do-partido-comunista-8-parte 

Parte IX

Capítulo III

Literatura socialista e comunista

“1. O socialismo reacionário

a)    O socialismo feudal”

A aristocracia inglesa e financeira se viu em conflito com a emergente sociedade burguesa, expressando sua oposição principalmente por meio de panfletos e literatura. No entanto, após perder poder político nas revoluções de 1830, restou-lhe apenas uma luta literária, surgindo assim o socialismo feudal, misturando lamentos e escárnio, a ode ao passado e condenando o futuro.

A aristocracia, ao tentar se aliar ao proletariado para recuperar poder, falhou miseravelmente, pois seus interesses feudais já não correspondiam à realidade moderna. Além disso, suas críticas à burguesia, embora aparentemente voltadas para o benefício da classe trabalhadora, revelavam seu caráter reacionário, uma vez que, na prática, participavam da repressão aos trabalhadores sempre que a burguesia atacava o proletariado e se contentavam com os benefícios materiais oferecidos pela sociedade industrial.

Como o clérigo sempre andou de mãos dadas com a aristocracia, o socialismo cristão não se diferencia muito do anterior. Ao se manifestar contra os interesses burgueses, defendia, em oposição, a caridade, a pobreza, a castidade, etc. O socialismo cristão então nada mais é que a defesa dos interesses da aristocracia.

b)    O socialismo pequeno-burguês

Na sociedade burguesa moderna, não apenas a aristocracia feudal, mas também a pequena burguesia, os moradores dos burgos medievais e os pequenos camponeses, viram suas condições de existência prejudicadas. Em países menos industrializados, a pequena burguesia ainda persiste, mas está gradualmente sendo absorvida pelo proletariado devido à competição e à ascensão da grande indústria.

O surgimento de uma nova pequena burguesia em países mais desenvolvidos levou à formação do socialismo pequeno-burguês. Esse movimento destacou as contradições das relações de produção modernas, expondo os efeitos negativos da industrialização, da concentração de capital e da competição desenfreada.

No entanto, apesar de sua análise bem desenvolvida, o socialismo pequeno-burguês revelou-se reacionário e utópico em sua abordagem propositiva, buscando restaurar as antigas relações de propriedade ou aprisionar os modernos meios de produção nas estruturas antigas. Essa escola, eventualmente, perdeu sua relevância devido a sua incapacidade de lidar com as mudanças sociais em curso. “Corporações na manufatura e economia patriarcal no campo: eis sua última palavra. Em seu ulterior desenvolvimento, essa escola perdeu-se numa covarde depressão”

Leia a íntegra em: https://lutapelosocialismo.org.br/1028/o-manifesto-do-partido-comunista-parte-09 

Parte X

C) O socialismo alemão ou o “verdadeiro” socialismo

Na França se desenvolvia uma literatura socialista e comunista decorrente do desenvolvimento da burguesia e do proletariado. Quando essa literatura chegou na Alemanha, ainda não havia as mesmas condições econômicas e sociais e isso fez com que setores intelectuais se apropriassem dessas produções apenas como literatura, sem conseguir adaptá-las à realidade do país. As poucas mudanças que fizeram, foram para adaptar o texto à filosofia alemã, castrando toda a teoria francesa.

A isso, chamaram de “verdadeiro socialismo”. “O alemão convenceu-se de ter superado a ‘unilateralidade francesa’ e de ter defendido não verdadeiras necessidades, mas a necessidade da verdade, não os interesses do proletariado, mas os interesses do ser humano, do homem em geral, do homem que não pertence a classe nenhuma, que não pertence a nenhuma realidade, e que apenas existe no céu nebuloso da fantasia filosófica.”

A ascensão do movimento liberal na Alemanha, intensificou a luta contra os feudais e a monarquia absoluta. Isso proporcionou ao socialismo alemão uma oportunidade há muito esperada para se opor ao movimento político e criticar o liberalismo, o Estado representativo, a concorrência burguesa e outros princípios da sociedade burguesa. No entanto, o socialismo alemão esqueceu que sua crítica, derivada em grande parte da crítica francesa, que pressupunha condições materiais e políticas que ainda não estavam presentes na Alemanha. Suas críticas à burguesia ainda ascendente, apenas serviram para alimentar o absolutismo alemão.

O “verdadeiro” socialismo estava representando um papel reacionário nesse momento, refletindo os interesses da pequena burguesia alemã, que era a base social da situação de então. Logo, sua conservação era a conservação do status quo, impedindo que a burguesia se desenvolvesse plenamente, junto ao proletariado, o que destruiria a pequena burguesia. Mas os socialistas alemães acreditavam que seriam capazes de destruir ao mesmo tempo a monarquia e a burguesia. Na sua teoria sem classes, reconheciam o pequeno burguês alemão como o homem normal e a Alemanha como a nação normal. Mas com a revolução de 1848, acabou com esses teóricos, que param de especular sobre o socialismo.

Leia a íntegra em: https://lutapelosocialismo.org.br/1057/o-manifesto-do-partido-comunista-parte-10 

Última parte

IV

Posição dos comunistas diante dos diversos partidos de oposição

Os comunistas lutam pelos interesses imediatos e futuros da classe operária e por tanto se aliam a todos os partidos operários, contra a dominação da burguesia, sem perder a liberdade de criticar as posições erradas e confusas desses partidos. Em cada situação nacional, os comunistas também fazem aliança com os setores ainda revolucionários da burguesia e pequena burguesia, enquanto lutam contra os setores mais reacionários da sociedade. Sem deixar nunca de desenvolver a consciência da classe operária do antagonismo hostil entre a burguesia e o proletariado.

Na Alemanha, onde se aproxima uma revolução burguesa, a classe operária está muito mais desenvolvida que na Inglaterra do século XVII e na França do século XVIII. Por esse motivo, os comunistas devem focar neste movimento, que será o prelúdio da revolução proletária.

“Numa palavra, em todas as partes os comunistas apoiam todo movimento revolucionário contra as condições sociais e políticas existentes.” E nesses movimentos trazem sempre a questão da propriedade como central, independente de seu desenvolvimento e procura a união de todos os partidos democráticos.

Em momento algum, os comunistas deixam de demonstrar seus interesses, de que seus objetivos só podem ser atingidos com a derrubada violenta de toda ordem até então vigente. “Que as classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar.”

“Proletários de todos os países, uni-vos!”

leia a íntegra em: https://lutapelosocialismo.org.br/1188/o-manifesto-do-partido-comunista-ultima-parte 
 


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